Rede Internacional mantém compromisso de “advogar por mudanças realmente transformadoras e intensificar esforços para aumentar a consciencialização”
Lisboa, 14 dez 2023 (Eclesia) A secretária-geral da CIDSE – rede internacional de organizações católicas para o desenvolvimento – saudou o acordo saído da COP28 que, “pela primeira vez, ilumina o início do fim da era dos combustíveis fósseis”, no entanto “o resultado não reflete plenamente a urgência da ação climática”.
“Os países produtores de combustíveis fósseis e os países do Ocidente não mostraram coragem para superar a sua ganância e os seus estilos de vida. Ao fazer isso, continuamos a ignorar as exigências dos povos indígenas, movimentos jovens e países vulneráveis para abandonar a nossa dependência de combustíveis fósseis de maneira justa, rápida, financiada e permanente”, condena Josianne Gauthier, em nota divulgada pela FEC, Fundação Fé e Cooperação.
Para a CIDSE, que louva os compromissos das partes no Mecanismo das Perdas e Danos, “é urgente a procura de soluções mais ambiciosas e imediatas de atenuação, adaptação e financiamento, de modo a reduzir o aumento das emissões de carbono, cumprir o objetivo de 1,5°C e fazer face ao agravamento dos impactos das alterações climáticas”.
A rede internacional reconhece “a operacionalização do Fundo de Perdas e Danos e da Rede de Santiago”, considerando este aspeto é fundamental, uma vez que “muitos países em desenvolvimento enfrentam dificuldades na mobilização de recursos, económicos e não económicos, para fazer face às alterações climáticas”.
Ainda assim, a CIDSE defende que os países em desenvolvimento “devem ter a garantia de um apoio contínuo por parte dos países desenvolvidos” para “facilitar a transição global para energia limpa e lidar eficazmente com a adaptação e com as perdas e os danos”.
Lydia Lehlogonolo Machaka, da CIDSE, denuncia que a “presença sem precedentes de lobistas de empresas de petróleo influenciou as discussões sobre o clima” e garante que “as organizações católicas permanecerão vigilantes para garantir que isto não se torna uma tendência nas próximas negociações no Azerbaijão e no Brasil”.
Terminada a COP28, que decorreu de 30 de novembro até esta quarta-feira, no Dubai, e que terminou com a aprovação do acordo que prevê o abandono dos combustíveis fósseis, a Rede CIDSE mantém o compromisso de continuar a trabalhar a fim de “advogar por mudanças realmente transformadoras e intensificar esforços para aumentar a consciencialização”.
A CIDSE constitui-se uma família internacional de organizações católicas de justiça social, com o objetivo de alcançar a transformação para conseguir mudanças transformadoras para as pessoas e para o planeta, e é integrada, em Portugal, pela FEC.
LJ/OC