Francisco enviou mensagem aos participantes na Cimeira do Clima, questionando «vontade política» de concretizar compromissos assumidos
Madrid 04 dez 2019 (Ecclesia) – O Papa desafiou os participantes na Conferência da ONU sobre o Clima (COP25), que decorre em Madrid, a tomar medidas concretas para a implementação do Acordo de Paris, considerando que ainda se está “longe” desses objetivos.
“Infelizmente, após quatro anos, temos de admitir que esta consciência ainda é fraca, incapaz de responder de forma adequada ao forte sentido de urgência para uma ação rápida, exigida pelos dados científicos ao nosso dispor”, refere a mensagem, lida na capital espanhola pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.
A COP25 começou esta segunda-feira em Madrid, com a presença de 50 líderes mundiais, incluindo o primeiro-ministro português, António Costa.
“Temos de perguntar-nos seriamente se há vontade política para oferecer – com honestidade, responsabilidade e coragem – mais recursos humanos, financeiros e tecnológicos para mitigar os efeitos negativos da mudança climática”, questiona Francisco.
O Papa destaca a importância do Acordo de Paris, assumido na COP21, com uma “consciência crescente” na comunidade internacional da necessidade de trabalhar em conjunto na defesa da natureza, exigindo que se passe das palavras a “ações concretas”.
“Atualmente, há um acordo cada vez maior sobre a necessidade de promover processos de transição e de transformação do nosso modelo de desenvolvimento, encorajando a solidariedade”, escreve o pontífice, alertando para a ligação entre alterações climáticas e pobreza.
Francisco realça que vários estudos mostram que é “possível limitar o aquecimento global”, o que exige uma “forte vontade política” e uma redefinição do investimento público, dando prioridade às áreas que permitem manter um “planeta saudável para hoje e amanhã”.
Tudo isto exige que reflitamos com consciência sobre o significado dos nossos modelos de consumo e de produção, bem como sobre o processo de educação e consciencialização, para os tornar consistentes com a dignidade humana”.
A mensagem fala numa “mudança de civilização”, em favor do bem comum, face aos desafios das “emergências climáticas”.
“Há uma janela de oportunidade, mas não podemos deixar que se feche. Precisamos de aproveitar esta ocasião, através de ações responsáveis nos campos económico, tecnológico, social e educacional”, indica o Papa.
Francisco elogia o compromisso das novas gerações, pedindo que os responsáveis políticos não passem aos jovens o “fardo” de resolver os problemas causados pela sua ação.
Durante a 25.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que se prolonga até 13 de dezembro, são esperadas delegações de 196 países, assim como os mais altos representantes da União Europeia e várias instituições internacionais
OC