É «agora ou nunca», alerta Francisco aos participantes na Conferência da ONU sobre alterações climáticas
Lisboa, 30 nov 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje que o mundo caminha para o “suicídio” e que é preciso travar as alterações climáticas antes que seja tarde demais, numa mensagem dirigida à Cimeira do Clima, que começou em Paris.
“Julgo que o posso dizer: é agora ou nunca”, sublinhou, em conferência de imprensa durante o voo de regresso a Roma, desde a República Centro-Africana.
O Papa lamentou o “pouco” que se fez desde o Protocolo de Quioto (1997) e alertou que todos os anos os problemas são “cada vez mais graves”.
“Estamos no limite de um suicídio, para usar uma expressão forte, e tenho a certeza de que quase todos os que estão em Paris têm esta consciência e querem fazer algo”, referiu aos jornalistas que o acompanharam na sua primeira viagem a África.
Francisco aludiu às consequências do degelo e do aumento do nível do mar, mostrando-se confiante de que haverá decisões em Paris.
A capital francesa acolhe desde hoje a 21ª Conferência do Clima da ONU (COP21), visando um novo acordo para combater o aquecimento global com a presença de cerca de 200 delegações com as maiores figuras dos Estados.
Já na quinta-feira, o Papa tinha afirmando em Nairobi que um eventual fracasso na COP21 seria “catastrófico” para a humanidade.
“Seria triste e – atrevo-me a dizer – até catastrófico se os interesses privados prevalecessem sobre o bem comum e chegassem a manipular as informações para proteger os seus projetos”, advertiu, no escritório da ONU na capital do Quénia.
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as alterações climáticas consagra como meta limitar a um valor inferior a 2ºC o aumento da temperatura média global.
Francisco falou aos jornalistas durante cerca de uma hora e condenou também as injustiças na distribuição da riqueza mundial, que provocam “grande dor”.
“Ontem [domingo], por exemplo, foi ao hospital infantil, o único hospital pediátrico de Bangui ou do país. Nos cuidados intensivos não há aparelhos de oxigénio, havia tantas crianças malnutridas, tantas”, lamentou.
Reforçando as suas críticas à “idolatria” do dinheiro, o Papa sustentou que “se a humanidade não mudar, vão continuar as misérias, as tragédias, as guerras, as crianças que morrem de fome, a injustiça”.
“O que pensa de tudo isto a minoria que tem nas suas mãos 80% da riqueza do mundo? E isto não é comunismo, está bem? É a verdade”, declarou.
OC