Lisboa, 29 nov 2015 (Ecclesia) – A 21.ª Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas, que vai decorrer a partir de segunda-feira, em Paris, é vista como “decisiva” por muitos especialistas no âmbito da “ecologia integral” defendida pelo Papa.
O diretor do ‘Jesuit European Social Centre’ assinala num artigo de opinião publicado pela ECCLESIA que a COP21 se vai realizar num “clima de receio” de um novo fracasso ou de que os países “não sejam capazes de um acordo, obrigatório e ambicioso”.
O padre José Ignacio Garcia sustenta que o Protocolo de Quioto “foi pouco ambicioso” e “falhou na tentativa de implicar as grandes economias”.
Para o jesuíta, que vai participar na Conferência de Paris, a COP21 “deve ser capaz” de alcançar um acordo ambicioso que “garanta sociedades livres de emissões de carbono até 2050”, algo que só se consegue com “acordos obrigatórios”, que sancionem quem não cumpre.
Neste contexto, relembra que na Encíclica ‘Laudato Sí’, o Papa Francisco deixou o seu contributo com uma mensagem de “esperança e apelando a um diálogo honesto”.
“A violência recente em Paris vem recordar-nos que as questões da igualdade e da paz não podem ficar à margem”, acrescenta.
O Semanário ECCLESIA dedicou um dossier à COP21, no qual a Fundação Fé e Cooperação (FEC) apela a um “ambicioso acordo, justo, juridicamente vinculativo” assinado por todos os países.
A organização católica não-governamental para o desenvolvimento considera que a “equidade” deve estar no centro responsabilizando, “proporcionalmente”, os países responsáveis pela “maioria das emissões e do consumo per capita” e apoiando os países em desenvolvimento.
A FEC informa ainda que acompanha e mobiliza a nível nacional a campanha ‘Mudança pelo Planeta, Cuidando das Pessoas’, que “exige uma mudança radical no estilo de vida” fazendo escolhas diferentes e mais conscientes, no âmbito da Aliança Internacional de Organizações Católicas de Desenvolvimento (CIDSE).
A COP21 é o Encontro dos Estados Parte da Convenção Quadro da ONU sobre Alterações Climáticas (CQNUAC).
O professor universitário Miguel Oliveira Panão destaca que o cenário que envolve a conferência é “histórico e emblemático” porque a “cidade do amor, Paris,” foi invadida pelo “ódio” dos atentados terroristas.
O especialista relembra que o Papa Francisco afirma que não se pode “dissociar os relacionamentos” com o meio ambiente dos relacionamentos que entre as pessoas.
“Somos uma só Família”, é para o professor universitário a “maior descoberta” que se pode fazer na Cimeira de Paris.
Miguel Oliveira Panão enumera as duas metas “mais relevantes” desta reunião, que espera “mais de 50000 participantes”: “A temperatura global que não deverá aumentar mais do que 2°C até 2100; o estabelecimento de um fundo de 100 mil milhões de dólares para os países em vias de desenvolvimento”.
CB/OC