Organismo episcopal apela a uma «conversão ecológica»
Bruxelas, 29 nov 2015 (Ecclesia) – A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) lançou um conjunto de propostas para a próxima Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas (COP 21), que arranca esta segunda-feira em Paris.
Intitulado “O tempo para mudar é agora”, o documento destaca o “papel-chave” que a União Europeia deverá ter para a consolidação de um acordo que abra as portas a uma “nova política de proteção do clima”.
O documento sublinha a vontade da Igreja Católica do continente, dos seus bispos e demais responsáveis, em estar presente num debate intimamente ligado a “questões de justiça social e global”.
Preparado com o apoio de vários peritos em matéria de ambiente, o documento da COMECE aponta várias prioridades para uma necessária “conversão ecológica” da sociedade.
Em primeiro lugar, uma conversão ao nível dos “estilos de vida”, já que a atual conjuntura negativa do clima “é apenas sintoma de um modo de vida insustentável”, alimentado por “padrões de consumo próprios deste mundo industrializado”.
Neste contexto, a “educação” das novas gerações para uma consciência ecológica será fundamental, na opinião dos líderes católicos do Velho Continente.
“As verdadeiras mudanças”, refere o texto, “ não assentam apenas em soluções técnicas ou na redução dos gases de efeito estufa, temos de ir mais fundo, ao nível cultural do nosso comportamento, deixar para trás a ideia do Homem que domina a Natureza, rumo a uma noção de que o destino de todos, “homens e criaturas”, está interligado.
E que é preciso “preservar o valor intrínseco da natureza, e não entendê-lo exclusivamente como algo instrumentalizável”.
O relatório da COMECE entra ainda no campo das políticas económicas e ambientais, propondo “a substituição gradual dos combustíveis fósseis por energias renováveis” e apelando ao “fim da destruição das florestas tropicais” e de outros ecossistemas essenciais para o equilíbrio do planeta.
“Ambos os passos requerem transformações a nível económico e político: reforçar a atratividade das energias renováveis e mudar comportamentos sociais, “encorajando as pessoas a um uso mais eficiente e poupado da energia”, pode ler-se.
A COMECE defende também “uma nova política económica que aumente o preço das matérias primas e torne bens intangíveis, como a informação, mais acessíveis”.
Considera ainda essencial o desenvolvimento de políticas globais que garantam cada vez mais a “preservação da biodiversidade e aumentem as áreas dos ecossistemas protegidos”.
“Estes objetivos devem levar a um compromisso geral que garanta uma autêntica proteção das regiões ecologicamente mais valiosas, para que estas não sejam transformadas em terrenos agrícolas”, frisa o documento dos bispos católicos.
A COMECE espera que este relatório, que descreve também várias iniciativas e projetos ecológicos e sustentáveis, ao nível da Igreja Católica, seja tido em conta na cimeira do COP21, em Paris.
JCP