Mulheres jovens e licenciadas são quem mais colabora nos projetos de desenvolvimento, adianta estudo de fundação ligada à Conferência Episcopal Portuguesa
Lisboa, 26 abr 2012 (Ecclesia) – O perfil do voluntário missionário atual, que vai ser hoje apresentado em Lisboa, integra sobretudo jovens do sexo feminino, licenciadas, financeiramente autónomas e ligadas a áreas orientadas para a ajuda ao próximo, como a educação e a saúde.
A revelação é do estudo ‘Voluntariado: Missão e Dádiva’, que a Fundação Fé e Cooperação (FEC), da Conferência Episcopal Portuguesa, promoveu em parceria com uma equipa de investigadores da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti (ESEPF).
Em declarações ao programa ECCLESIA (RTP 2), a coordenadora da rede de voluntariado da FEC, Ana Patrícia Fonseca, justifica a realização do estudo com as mudanças que se verificaram nos últimos anos.
“Já partiram mais de quatro mil voluntários e importava agora perceber que movimento é este, quem são os voluntários que partem, que organizações os enviam, o que é que eles vão lá fazer”, aponta aquela responsável.
Depois de um primeiro período, nos anos 80 do século passado, em que as pessoas partiam “de forma muito espontânea”, nas últimas duas décadas surgiram “mais de 50 organizações que enviam voluntários para a missão”.
O retrato sociocultural de cada candidato, traçado ao longo de um ano a partir de dados recolhidos junto de 57 organizações de cooperação para o desenvolvimento, sublinha que quem parte em missão “sofre uma espécie de chamada interior” e está naturalmente predisposto a “colocar o seu saber e disponibilidade ao serviço do outro”.
[[v,d,3084,]]De acordo com os promotores do estudo, isto deve-se sobretudo ao facto de o voluntariado missionário estar relacionado com uma cultura de serviço, assente numa matriz “cristã”.
Apesar das organizações estarem abertas a “todos aqueles que genuinamente querem entrar” nesta experiência, “mais de metade dos voluntários” têm a sua origem numa “pastoral organizada” e “75 por cento são católicos”, realça o diretor da ESEPF, José Luís Gonçalves.
Uma das investigadoras que tomou parte no estudo, Florbela Samagaio Gandra, acrescenta à matriz cristã a capacidade destas pessoas em “fazerem face ao imediato ou ao imprevisto” e de trabalharem “em várias áreas”.
Alfabetização, formação e construção de infraestruturas nos países em vias de desenvolvimento são, neste momento, as grandes apostas do voluntariado missionário, que nos últimos cinco anos garantiu quase o dobro dos recursos humanos.
Indicadores retirados entre 2005 e 2010 mostram ainda que o tempo de missão oscila sobretudo entre um e três meses mas há cada vez mais pessoas a optarem por períodos mais longos, que vão até dois anos de missão.
O estudo conjunto da FEC e da ESEPF, que também caracteriza as instituições responsáveis pelo recrutamento, formação e envio dos voluntários tem apresentação marcada para o auditório da Rádio Renascença, às 18h00.
PTE/JCP