«Trabalhamos com as comunidades e para as comunidades» – José Luís Monteiro
Lisboa, 25 mai 2023 (Ecclesia) – José Luís Monteiro afirmou que, para a ‘Oikos – Cooperação e Desenvolvimento’, o Dia de África, que se assinala anualmente a 25 de maio, é uma oportunidade para despertar consciências relativamente à realidade deste continente.
“Aproveitamos este dia, em que outros olhos olham para África, para chamar a atenção”, disse o gestor de Projetos da OIKOS, em entrevista à Agência ECCLESIA.
A 25 de maio de 1963, foi criada a Organização de Unidade Africana (OUA), na Etiópia, depois, em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu essa data como o ‘Dia da África’ ou o ‘Dia da Libertação da África’; Em 2002, a OUA foi substituída pela União Africana.
José Luís Monteiro explica que, para a organização não-governamental, “todos os dias são de África”, todos os dias são da América Latina, “todos os dias são das comunidades mais desfavorecidas”.
Nós trabalhamos com as comunidades e para as comunidades, não temos aquele complexo de salvador, chegamos e temos as soluções. Muitas vezes nem conhecemos os problemas, na realidade, o primeiro é sempre criar uma relação com a comunidade e com a população e perceber o que é que pensa, sente, o que é que a comunidade sofre”.
O gestor de Projetos da OIKOS considera ser “óbvio” que “muito do que se passa em África é decidido externamente”, dado que o continente continua a ser visto, “por muitos, como uma fonte de recurso, ou uma fonte de problemas, ou um polo de ajuda”.
O entrevistado entende que as lideranças africanas “procuram ter” mais voz e palco, com tomadas de “posição conjuntas, formam-se como bloco para procurar soluções e contribuir para as soluções”.
“Não necessariamente como um continente com pessoas que têm ideias, soluções, problemas, e que não são só aqueles que vamos ajudar, ou aqueles que nos vão ajudar a fornecer alguma coisa. África precisa de ser mais ouvida, mesmo nos fóruns internacionais, e gradualmente isso vai-se conseguindo, mas a um ritmo bastante lento”, desenvolve.
Segundo José Luís Monteiro, a educação, que “é sempre o ponto essencial”, e a “autogestão” dos recursos disponíveis, “sejam recursos naturais, sejam de outro tipo de recursos”, são setores prioritários em que é preciso atua para que África seja sujeita do seu desenvolvimento, a fragilidades na saúde “não se concentra só em África”.
“Tudo o resto está ligado à educação, mas, obviamente que, em algumas zonas, ou em alguns países onde está a haver conflitos a paz será o primeiro ponto. Em algumas zonas, onde as dificuldades ligadas às alterações climáticas, zonas com grandes secas e a população está a passar grandes necessidades, primeiro resolver essas primeiras grandes necessidades”, acrescentou.
“Se calhar, se os sistemas de saúde forem melhorados globalmente, e se forem melhorados em toda a África, poderá ser uma forma de resolver outros problemas no futuro”, acrescentou, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).
Neste trabalho com as comunidades, a partir das suas realidades e necessidades, a Oikos está a trabalhar numa ‘Solução Participada para Plásticos Marítimos’, um projeto de reciclagem, com a UCCLA /URB-África e outros parceiros, com financiamento do Camões, I.P, na Ilha de Moçambique.
“As comunidades queixam-se de várias coisas, entre elas cada vez menos peixe, muitas vezes tem a ver com a gestão local mas também com as frotas internacionais que limpam o pescado em mar alto, mas também que as suas praias estão cada vez mais poluídas”, contextualizou José Luís Monteiro, referindo que ajudam “a organizar e criar um escape para o material recolhido, do plástico velho fazer-se plástico novo”.
A Oikos – Cooperação e Desenvolvimento comemorou 35 anos a 23 de fevereiro; tem sede em Portugal e aposta no desenvolvimento das populações mais carenciadas, na manutenção dos seus direitos, de forma sustentável e justa.
PR/BC/OC