Convívio e espírito de ajuda marcam semanas de férias no Santuário de Fátima

Oportunidade para mães de filhos com deficiência Decorre esta semana o segundo turno das férias que o Santuário de Fátima está a oferecer às mães de filhos com deficiências, com o objectivo proporcionar descanso aos pais e convívio e férias aos filhos. Muitas são as mães que os quiseram acompanhar e têm constado que também para elas está a ser uma bênção. Na primeira semana estiveram 10 mães e um pai a acompanhar as 60 crianças que participaram. Nesta segunda semana estão cinco mães. “A primeira semana correu muito bem. Estamos a pensar alargar esta iniciativa para todo o Verão” declarou à Agência ECCLESIA o Padre Manuel Antunes, director do Serviço de Doentes. Sendo esta uma iniciativa inédita do santuário, fizeram já algumas mudanças “com a prática vamos ajustando as necessidades e constatámos no primeiro turno a necessidade de uma presença constante para acompanhar algumas crianças” esclarece, mas nada que faça perder o entusiasmo que de quem está a participar voluntariamente neste projecto. Estes dias decorrem na Casa dos Silenciosos Operários da Cruz, no Centro Francisco e Jacinta Marto, em Fátima. A Irmã Ana Maria Cipriano desta comunidade contou como “está a ser uma experiência muito interessante. O convívio entre todas as mães está a ser muito benéfico” conta relembrando que da parte da manhã fizeram uma partilha onde falaram da mentalidade que se tem e que faz questionar onde está a amor de Deus a estas crianças. “Partilhamos que Deus não manda, mas pede antes a nossa colaboração para sermos testemunhas do seu amor.” E partilharam a riqueza de ver que “o valor da vida não é superficial, e que há valores mais profundos que um corpo perfeito” recorda. As crianças deste segundo turno, têm uma deficiência grande e conta a Irmã que utilizam a música para estar com elas “cantamos e criamos este espírito animado”. Quem está também a beneficiar desta semana são as mães que não escondem a alegria de proporcionar esta experiência “tão enriquecedora” aos seus filhos. Maria do Carmo Vieira vem do Porto, é mãe da Joana que tem oito anos e é portadora de Trissomia 21. “De uma forma geral tento participar em tudo que esteja relacionado com a deficiência. E esta semana está a ser muito rica. Conheci outras mães e outros filhos e a troca de experiência está a ser formidável” conta entusiasmada. “Eu pensava que sofria muito com a Joana mas vejo que há pais que sofrem muito mais que eu. Sinto-me a carregar baterias.” E conta as actividades que têm feito. “Temos participado em momentos de oração, saímos para o rio e foi muito bom, fomos à praia a São Pedro de Moel e eles gostaram muito” acrescentando que estão já programadas outras actividades como a ida ao Santuário e à Igreja, assim como vários momentos de oração. Para a Joana a experiência não podia estar a correr melhor. “Ela por si já é muito afectuosa, e está a dar-se muito com as outras crianças” conta entusiasmada. Entusiasmo, serenidade e alegria são adjectivos comuns também a Maria Luísa Carvas. Mãe do Nicolau com nove anos, não hesitou em vir de Vila Nova de Gaia com o seu filho, quando soube desta iniciativa do santuário. O Nicolau tem paralisia cerebral e tem também a fala e a parte motora afectadas. Significa isto que é muito dependente da mãe. Aqui, segundo relata “ele sente-se livre. Participa, está alegre, a única coisa que eu faço é dar-lhe de comer. De resto, está muito integrado” afirma Maria Luísa explicando que o seu filho nunca conseguiu dormir com ninguém a não ser a mãe “e aqui já o fez” conta satisfeita, pois significa uma vitória. Mas o convívio com outras mães, a partilha das dificuldades, das mágoas e da dor são o que mais está a valorizar. “Pessoalmente, está a fazer-me muito bem estar aqui. Neste local sinto-me mais próxima de Deus e isso também ajuda. Estava à procura que Deus me iluminasse e aqui vim encontrar essa luz” afirma Maria Luísa. Para o Nicolau “está a ser espectacular, ele está completamente integrado e participa em tudo”. Ambas as mães são unânimes em apostar na continuação desta experiência, pondo a hipótese de os seus filhos participarem sozinhos em próximas vezes. Para quem organiza estas semana, ver a serenidade nas mães e alegria dos filhos é um estímulo muito grande. “Estas experiências permitem arranjar coragem para o dia a dia e para as suas vidas” afirma a Irmã Ana Maria. E salienta que o importante é “transmitir a imagem de pessoas por detrás da primeira imagem que se tem. Eles não são uns coitadinhos” afirma finalizando que se criou “uma grande família entre todos”.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top