Presidente da Associação Zero sublinha importância de revisitar a encíclica «Laudato Si» para lembrar que metas «estão longe de serem atingidas»
Lisboa, 28 mai 2021 (Ecclesia) – Francisco Ferreira, presidente da associação Zero, afirmou a pertinência de a encíclica «Laudato Si» ser “revisitada”, agora com o impacto da pandemia na vida das pessoas, e deixou os “cinco P” como atitudes orientadoras para a conversão ecológica.
“Olhar para as pessoas, para a prosperidade, para o planeta, com parcerias e com a paz – são os cinco «p» que em 2015 todos os países das Nações Unidas acordaram e uma realidade para a qual o Papa, uns meses antes, alertou”, refere o ambientalista à Agência ECCLESIA.
Para Francisco Ferreira, estão em causa mudanças comportamentais individuais mas também “coletivas, que mudem o agir quotidiano, na cidade onde se vive, na escola onde se trabalha”, pois, reconhece “há muitos níveis de atuação”, que englobam “todos os políticos, desde as Nações Unidas, à Junta de Freguesia”.
Com metas ambientais longe de serem atingidas, o responsável pela associação Zero, fala numa encíclica “abrangente” com propostas que ultrapassam a esfera católica que importa não perder de vista.
“(O Ano Laudato Si) não foi uma oportunidade perdida, muito pelo contrário. Acho que o facto de termos tido um ano afetado pela crise pandémica nos mostrou melhor o impacto que temos no ambiente, porque percebemos que, em muitas situações, conseguimos a qualidade do ar, reduzir o ruído, temos uma pandemia que é fruto do que foi a nossa interferência na natureza, para a qual o Papa alerta, olhámos para a economia da proximidade, estamos a olhar para as diferenças do mundo na forma como sofrem a pandemia e, de forma tão desigual, a vacinação acontece”, ilustra.
Francisco Ferreira junta as encíclicas «Laudato Si» e «Fratteli Tutti» para recordar temas essenciais apontados pelo Papa Francisco.
“O integral reforça a ideia de que somos um todo e, como tal, não nos podemos alhear do que é a nossa interferência no ambiente, que continuará sem nós, se na nova era, a que chamamos antropoceno, não tivermos o bom senso de cuidar da natureza”, alerta.
O responsável indica o quanto a pandemia mostrou lições de “vulnerabilidade” a que é necessário dar importância, procurando mudar o paradigma das relações que não impactam a sociedade apenas em “um ou dois anos”.
“Não é por falta de sabermos qual o caminho a prosseguir, mas sim por não estarmos a seguir esse caminho, que acabamos por ter uma crise climática, uma crise da biodiversidade, uma crise dos recursos, que não se cura com vacinas. Não é com um ano ou dois que podemos atenuar esta crise”, lamenta.
Francisco Ferreira pede um modelo assente no “ser mais do que no ter” para que os recursos do planeta tenham a capacidade de se regenerar.
As «Conversas na Ecclesia» desta semana, às 17h00 na Agência ECCLESIA e às 22h45 na Antena 1, fazem eco da encíclica “‘Laudato Si”, na semana em que termina o ‘Ano Laudato Si’, um tempo “de celebração, ação e testemunho”.
HM/LS