Arquipélago é um local a descobrir com os cinco sentidos
Ponta Delgada, Açores, 30 jul 2021 – O cónego António Rego afirma que estar nos Açores, “onde a experiência táctil, visual, gustativa do mar” o envolve e “embala”, lhe “lava a alma” e o abre a “novas perspetivas”.
“Os dias em que aqui estou lavam-me a alma e abrem-me os olhos para novas perspetivas – não apenas visuais, de horizonte, de azul, de nuvens e céu, ou de árvores, mas horizontes da vida. Há dimensões da vida que só vejo com maior profundidade aqui”, conta à Agência ECCLESIA.
Natural da ilha de São Miguel, o padre António Rego regressou aos Açores por causa da pandemia e ali reside neste tempo que pede distanciamento social.
“Não vivemos das coisas apenas, da natureza apenas, mas das pessoas. As primeiras da minha existência são a família. O contacto diário, que agora mantenho, o entendimento que temos, as trocas que fazemos de impressões sobre todos os assuntos, dão-nos uma dimensão admirável, não apenas das ilhas mas das pessoas”, sublinha.
Residir na ilha e ter tempo para apreciar a natureza e aceitar os seus convites, não afastam o padre António Rego do mundo, nem da comunicação onde desenvolveu grande parte dos seus quase 60 anos de padre.
“Acho que é a minha obrigação e missão. Não posso viver sem isto, sem estar com os olhos abertos para o mundo e para a vida, sem olhar a Bíblia e vê-la como um livro real, onde o mundo está feito pelas mãos de Deus e ai se desenrola. A própria história da vida passa por esse grande livro, que nos conta todas as experiências da humanidade mas onde há sempre, claramente, o amor e a mão de Deus, o seu carinho a suportar esta terra”, explica.
Ser açoriano ou ilhéu, é uma condição sempre presente, considera, que nem nos anos a residir em Lisboa ou a viajar pelo mundo “saiu de dentro”.
“Nunca me senti longe dos Açores mas a experiência táctil, visual, gustativa do mar, dá-me uma alegria imensa e um olhar novo, até este som do mar nos embala a existência”, regista.
Ao longo desta semana, as «Conversas na Ecclesia» tiveram como convidado o cónego António Rego, que acolheu a reportagem da Agência ECCLESIA em São Miguel, no seu ambiente familiar, que foi possível acompanhar a partir do portal www.ecclesia.pt depois das 17h00 e na Antena 1 pelas 22h45.
PR/LS
Já não escreverei romances Já não escreverei romances Nem contos da fada e o rei. Vão-se-me todas as chances De grande escritor. Parei. Mas na chispa do verso, Com Marga a aquecer-me, Já não serei disperso Nem poderei perder-me. Tudo nela é verbo e vida; Xale, cílio, tosse, joelho, Tudo respinga e acalma. Passo, óculos, nada é velho: Quase corpo, menos que alma. Já não lavrarei novelas, Ultrapassado de ficto: A vida dá-me janelas A toda a extensão do dicto. Mas sem elas, mas sem elas (As suas mãos) fico aflito. Vitorino Nemésio |