Conversas na Ecclesia: Comunidade paroquial acolheu família de refugiados e «permitiu viver o Evangelho» (c/ vídeo)

Padre Fernando Rosas, pároco de São Pedro da Cova, é encarregado de educação de menores que procuram recomeçar vida em Portugal

Porto, 29 set 2021 (Ecclesia) – O padre Fernando Rosas, pároco de São Pedro da Cova, na Diocese do Porto, contou à Agência ECCLESIA que a sua comunidade paroquial acolheu uma família de refugiados, “transformou mentalidades e permitiu viver o Evangelho”.

“As pessoas são muito afáveis com eles, levam-lhes fruta dos pomares  e tem sido uma grande experiência que faz com que esta comunidade paroquial viva o evangelho através destes irmãos que chegaram, isso para mim é o mais importante para mantermos o nosso coração aberto e disponível para ajudar naquilo que cada um precisa”, afirma o pároco à Agência ECCLESIA.

Em 2018 o sacerdote e alguns elementos da comunidade paroquial ficaram “sensíveis” às imagens dos refugiados no Mediterrâneo e decidiram “receber” refugiados.

“Inicialmente estava previsto recebermos em novembro de 2019 mas só se concretizou em agosto de 2020, através do Alto Comissariado para os Refugiados, porque devido à pandemia tudo parou e a família que iriamos acolher vinha de Istambul e não conseguiam viajar”, recorda. 

Os membros da comunidade paroquial “aceitaram muito bem esta realidade do acolhimento”, exceto uma família que, segundo o pároco se transformou “e hoje são muito amigos deles”.

O dia 20 de agosto de 2020 está bem presente na memória do padre Fernando Rosas que foi ao aeroporto receber a família Baytar, com sete elementos, “depois de já os ter visto numa conversa online”. 

“Estávamos apreensivos em relação àqueles que chegavam mas eles estariam muito mais do que nós, não me conheciam nem conheciam as pessoas em quem tinham que confiar, mas acho que foi bastante bem e desde aí que processo tem sido este de acompanhamento, de ajuda, de acolhimento em todas as dimensões da vida”, explica.

Todos os caminhos para que se tornem legais são “muito burocráticos e demorados”, “parece que não se facilita” mas uma das áreas que o pároco destaca é a escola, como “meio de inclusão para as crianças”, que estão no 1.º e 4.º anos e têm o padre Fernando Rosas como encarregado de educação.

Agora já não é estranho ver o senhor padre na reunião de pais, porque já toda a gente sabe a causa e, seja os auxiliares, os professores e até os colegas têm sido extraordinários no acolhimento e integração destas crianças, já todos os conhecem, tem sido fantástica a reação de todos”. 

Quanto aos jovens mais velhos, o sacerdote conta que, “quando estavam na Turquia trabalhavam em fábricas de costura” e, na comunidade, já conseguiram mostrar as suas capacidades.

“Nós arranjámos uma máquina de costura industrial, também os tecidos, e eles começaram a fazer pequenas coisas, a costurar máscaras, aventais, sacos do pão, sacos de pano, começaram a fazer essas coisas, vendiam aqui à porta da igreja e ainda fizeram um dinheirinho”, conta o padre Fernando Rosas. 

As «Conversas na ECCLESIA» desta semana trazem a realidade de acolhimento de refugiados e as transformações que implicam, que pode acompanhar online de segunda a sexta-feira, pelas 17h00.

SN

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