Comunidade escolar do Colégio Luso-Internacional de Braga une-se para acolhimento de famílias refugiadas
Braga, 30 set 2021 (Ecclesia) – Helena Pina Vaz, diretora do Colégio Luso-Internacional de Braga, disse à Agência ECCLESIA que acolher 10 famílias de refugiados “não é um grande desafio porque as necessidades são tão grandes que não é nada”.
“Formalizadas acolhemos 10 famílias de refugiados, todas elas estão já autónomas, exceto uma que chegou em novembro e tem 18 meses de acolhimento, não é um grande desafio porque as necessidades são tão grandes que acolher 10 famílias não é nada”, refere a entrevistada.
A responsável recorda que a ideia de acolhimento chegou em setembro de 2015 na “sequência daquele verão terrível, sobretudo para os refugiados sírios”, a instituição tornou-se parceira da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) e, como a cada início de ano letivo lançava um desafio diferente, nesse ano disse: “temos de acolher uma família”.
“Se há um problema arranja-se uma solução, e será preciso uma casa, e eles disseram que iriam ser precisas roupas e trabalho, educação para as crianças, vamos comprometer-nos, ajuda-me quem quiser, mas que vamos fazer isto, vamos”, lembra.
Helena Pina Vaz contou que “em 24 horas tinham uma casa para acolher a família” e o acolhimento na comunidade teve “imenso sucesso”.
“Os pais gostaram muito que os filhos tivessem essa experiência e foi isso que me leva a esse projeto, dar aos alunos a oportunidade de ver estas coisas e serem parte da resolução dos problemas e de não serem apenas cidadãos muito bem informados, viverem eles próprios esta experiência é algo inigualável”, destaca.
A partir da comunidade escolar, várias organizações se juntaram e, ao fim de seis anos, Helena Pina Vaz contabiliza 10 famílias que foram acolhidas, algumas ainda mantém o contacto e até lhe chamam “mãe”.
“Preocupo-me imenso com a vida deles, e às vezes faço alguma pressão para que aceitem um determinado trabalho e posso também não estar logo consciente que a família ainda não está preparada para começar a trabalhar mas eu tenho de ver isto com os olhos deles; há muito mais dificuldade porque um homem árabe não aceita que uma mulher esteja a orientar a sua vida, são questões culturais e as pessoas nasceram e cresceram com essa visão só quando me veem com outros olhos, me respeitam mais um bocadinho e me chamam de mãe”, explica.
Helena Pina Vaz considera os 10 casos de acolhimento como “de sucesso”, sem receios.
“Às vezes as coisas correm menos bem porque também é preciso que as pessoas tenham alguma empatia comigo e podem não ter todos numa família; as histórias de vida destas pessoas, e algumas em particular, são de uma brutalidade que não podemos ficar indiferentes”, assume.
As «Conversas na ECCLESIA» desta semana trazem a realidade de acolhimento de refugiados e as transformações que implicam, que pode acompanhar online de segunda a sexta-feira, pelas 17h00.
SN