Frei Hermínio Araújo sublinha «profundidade espiritual» do santo que tratou a morte como «irmã»
Lisboa, 04 nov 2020 (Ecclesia) – Frei Hermínio Araújo, religioso franciscano, sublinhou em entrevista à Agência ECCLESIA a necessidade de ler a vida de São Francisco de Assis (1182-1226), na sua totalidade, incluindo o “muitíssimo sofrimento” físico e espiritual pelo qual passou.
“Quando compõe o Cântico das Criaturas, de louvor a Deus com todas as que ele chama de irmãs – todos os seres criados -, esse poema foi composto no contexto de uma das experiências mais dolorosas da vida dele, quer fisicamente, quer com os problemas que existiam na Ordem Franciscana”, disse o convidado das ‘Conversas do Silêncio’, que decorrem ao longo de novembro, com atenção às temáticas do luto e do sofrimento.
O religioso realça que São Francisco inclui neste cântico a dimensão do sofrimento e a “irmã morte corporal”.
“É um homem com grandeza de alma e profundidade espiritual”, sustenta.
Além do seu próprio sofrimento, Francisco de Assis foi ao encontro do sofrimento alheio, com o momento que o santo considerava o “mais marcante de todos”, no contacto com os leprosos, “os doentes mais excluídos daquela época”
“Saiu do mundo do egoísmo, da indiferença, que é um dos grandes problemas dos nossos dias. Aqui podemos ligar muito Francisco de Assis com as preocupações do Papa Francisco, relativamente a um mundo fechado”, aponta frei Hermínio Araújo.
O frade franciscano refere que há um processo interior, de “reconciliação” com o próprio sofrimento, que é necessário para “poder estar aberto aos outros”.
No mês de novembro, a Agência ECCLESIA apresenta as ‘Conversas do Silêncio’, publicadas online pelas 17h00 e emitidas no programa Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45, de segunda a sexta-feira.
OC