«Conversas do Silêncio»: É preciso «tempo» para o luto – Márcia Cunha (c/vídeo)

Psicoterapeuta coordena grupo de acompanhamento na Paróquia de Portimão, onde há lugar para várias perdas

 

Lisboa, 10 nov 2020 (Ecclesia) – A psicoterapeuta Márcia Cunha, que coordena o grupo de acompanhamento do luto “Amparo”, na paróquia de Portimão, Diocese do Algarve, disse à Agência ECCLESIA que “é preciso tempo” para fazer o luto.

“As pessoas acham que o luto tem de ser rápido, e não é assim. Não há tempo para essa dor, mas há dores que nunca passam”, referiu.

A psicoterapeuta e psicóloga destaca que a dor “não se quantifica”, porque todas as dores são diferentes.

O grupo “Amparo” iniciou com reuniões mensais em março de 2014, acolhendo, na sua maioria, pessoas em luto pela perda de um ente querido e pessoas que “não estão em luto pela morte de alguém, mas por causa de perdas específicas na sua vida”.

“Pessoas que se divorciaram, que tiveram um projeto de vida cancelado, por algum motivo, pessoas que ficaram desempregadas. Os lutos são diversos”, precisa a entrevistada.

O grupo permite que os participantes ofereçam também o seu “amor e carinho” às outras pessoas que falam das suas perdas, nas palavras e também “no silêncio, enquanto as escutam”.

“É muito importante, é mais isso que elas procuram, alguém que as escute”, assinala Márcia Cunha.

A especialista considera mesmo que o “principal apoio” é estar disponível para escutar, porque muitas pessoas não têm esse espaço, “mesmo dentro da sua casa”.

“Muitas vezes, quem vive com elas não tem tempo para as escutar ou já não as quer escutar. A dor não é sempre vivida da mesma forma”, assinala.

O caso de pais que perderam um filho e em que um dos membros do casal sente “muita necessidade” de falar e outro procura não falar, para não sentir a dor, é um dos exemplos apresentados pela entrevistada.

“Eles isolam-se. Cada um está no seu canto, a sentir a sua dor. Quando chegam ao grupo, quem quer falar, fala, nós escutamos. Já chegou a acontecer o outro pai não querer continuar na reunião, porque a dor é muito grande”, precisa.

Márcia Cunha sustenta que é importante dar espaço para que a pessoa em luto possa “dizer tudo, toda a dor que sente”.

No mês de novembro a Agência ECCLESIA apresenta as ‘Conversas do Silêncio’, publicadas online pelas 17h00 e emitidas no programa Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45, de segunda a sexta-feira.

SN/OC

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