Padre Ashwin Vaz alerta para «pobreza galopante», em tempo de pandemia
Lisboa, 07 out 2020 (Ecclesia) – O missionário do Verbo Divino, padre Ashwin Vaz, em Angola há 11 anos, partilhou com a Agência ECCLESIA a missão onde se sente como “peixe na água” e afirma que, em tempo de pandemia, a “pobreza tem sido galopante”.
“Quando cheguei aqui foi tudo surpreendente mas fui enxugando as experiências, apesar de estar longe do que pensava ou estava mesmo fora da minha imaginação mas hoje sinto-me como peixe na água, nunca pensei deixar Angola desde que entrei”, confessa o missionário.
O religioso sente que não se pode estar em missão com a ideia de dar, colocando-se como algo superior”, mas em atitude de receber.
“Eu sempre senti que estava a receber muitas coisas numa dimensão humana, estava a ser enriquecido, o que estava a receber das pessoas, muito amor e muito carinho; por onde passei sempre tive uma casa onde dormir e onde me tratam como família, a família não é só dar mas receber muito mais que dar, é necessário sentir a alegria desta receção para dar mais”, refere.
O sacerdote de origem indiana passou por Portugal na sua formação, onde aprendeu a língua portuguesa, uma mais valia para depois ser enviado para Angola, “país que não conhecia nada”.
O missionário está destinado a sair para estudar, nas Filipinas, realidade que ainda não aconteceu devido às limitações da pandemia, algo que está a afetar também a zona de Luanda.
“Mesmo com a pandemia Covid-19 temos as igrejas abertas, temos de estar lá, atender e ouvir as pessoas e também consciencializar as pessoas, cuidando de nós e das pessoas, angariar ajudas para chegar aos mais pobres, a pobreza é galopante, em Luanda sente-se muito porque as pessoas não têm ‘lavras’, no interior cada um tem sua lavra e não sentem a fome, aqui quem não tem trabalho não come”, explica.
O padre Ashwin conta que “aumentaram os pedidos de ajuda” em tempo de pandemia e foi “incentivando os cristãos a praticar a caridade nas ruas”.
Tudo o que era institucional era difícil de fazer funcionar por causa das restrições, mas ninguém era impedido de comprar alguma coisa e do que têm partilhar com mais alguém”.
O missionário do Verbo Divino, responsável pelo santuário de Santo António de Kifandongo, em Luanda, Angola, desde 2017, explicou que ali também é necessário “esclarecer as pessoas”.
“Há muita mistura de tradições com a própria espiritualidade cristãs, práticas culturais misturadas com a oração, não no sentido positivo e as crenças que nada tem a ver com a fé cristã, tenho de esclarecer as pessoas e houve experiências que não foram agradáveis”, assume.
Com “milhares de crianças na catequese e nos sacramentos” e oito capelas em construção, “onde já rezam muitas pessoas”, o padre Ashwin Vaz sente que esta é uma missão de “estar ao dispor” e seguirá para um tempo de estudo que o ajudará nesta missão.
No mês de outubro missionário, assim designado pela Igreja Católica, a Agência ECCLESIA apresenta as «Conversas Além-fronteiras», que trazem a missão desenvolvida em diferentes pontos do mundo; serão transmitidas e publicadas online, às 17h00, e no programa Ecclesia, na rádio Antena 1, pelas 22h45.
SN