Irmã Felicidade Maria de Lurdes, Missionária da Consolata, partilha a sua missão de quatro anos entre o povo Ianomâmi
Lisboa, 23 out 2020 (Ecclesia) – A irmã Felicidade Maria de Lurdes, Missionária da Consolata, partilhou com a Agência ECCLESIA a realidade da sua “missão do coração”, na Amazónia brasileira, onde esteve quatro anos, “na luta pela vida dos indígenas”.
“A minha primeira missão, missão do coração, que foi na Amazónia brasileira, experiência diferente e particular, fui trabalhar com os povos indígenas do primeiro e difícil contacto, os Ianomâmis; estive lá quatro anos a trabalhar na defesa pela vida dos próprios indígenas, porque a zona é sempre invadida com vários interesses, como a exploração de recursos naturais, e vem contaminar a saúde deles”, conta.
A religiosa, depois de ter estado a estudar em Itália, “não esperava esse destino de missão” que acolheu com susto pela “incógnita do que era a Amazónia”.
Quando cheguei foi um choque, pessoas diferentes que não vestiam, mas depois percebi que eram pessoas acessíveis, simples e afáveis e com muitos valores humanos e fui bem acolhida e me inseri bem”.
A missionária da Consolata visitava as várias comunidades “dentro da floresta”, muito distantes umas das outras, por isso caminhavam entre 4 a 12 horas, ou chegavam através de via fluvial, para prestar atenção a duas grandes áreas: saúde e educação.
“Além de visitar as comunidades fazíamos atendimento sanitário e a parte da educação, com a alfabetização, na língua portuguesa, e a matemática; nisso também formávamos alfabetizadores e depois conseguimos o reconhecimento da escola indígena perante o governo”, refere.
Outra área de missão que a irmã Felicidade destaca é o diálogo inter-religioso, “as várias culturas que ali entram em contacto” e que provocam questões como: “quem são vocês ou porque estão aqui?”.
Quatro anos depois a religiosa foi convidada a uma nova missão no seu país natal, em Moçambique, e a partida foi difícil.
“Se foi difícil inserir-me lá, foi muito difícil sair de lá, acho que me tinha enamorado do povo e daquela vida, tinha-me adaptado, aquilo já era meu… Era como se eu tivesse ido para sempre, fui lá para a vida e só quatro anos depois recebi noticia que tinha de partir”, afirma.
Desde 2010 em Moçambique a religiosa ocupa os seus dias na formação às jovens candidatas ao instituto, “numa nova missão”, onde aproveita para falar da experiência da Amazónia e sublinhar que missão hoje “é saber ser e estar com o diferente, e transmitir esta mensagem de consolação”.
“Ser missionária da Consolada é ir pelo mundo e só tem sentido dizer que não se está só, fazer próximo, essa é a consolação, primeiro fazer esta experiência e não posso calar, tenho de levar”, assume a religiosa.
No mês de outubro missionário, assim designado pela Igreja Católica, a Agência ECCLESIA apresenta as «Conversas Além-fronteiras», que trazem a missão desenvolvida em diferentes pontos do mundo; serão transmitidas e publicadas online, às 17h00, e no programa Ecclesia, na rádio Antena 1, pelas 22h45.
SN