Contar histórias como missão de vida

Conferência das Igrejas Europeias premeia jornalista português António Marujo O jornalista e escritor António Marujo, especialista em assuntos religiosos, recebeu ontem o prémio de “jornalista religioso do ano”, atribuído pela fundação norte-americana “John Templeton” em colaboração com a Conferência das Igrejas Europeias (KEK). O objectivo da iniciativa é premiar jornalistas que escrevam sobre religião, em órgãos de imprensa laicos, com exactidão, imparcialidade e espírito ecuménico. António Marujo, ao receber a distinção, confessou que é a “necessidade de contar histórias” de modo a que as pessoas entendem que move o seu trabalho como “mediador”. “O que me fascina é tentar perceber o que está no mais íntimo das pessoas”, disse, procurando contrariar a tendência mediática de centrar-se “na espuma dos dias”. Aos presentes na Catedral de São Paulo da Igreja Lusitana, o premiado referiu que os trabalhos enviados procuraram “fugir ao lado institucional do fenómeno religioso”, não tendo, por exemplo, escolhido peças sobre a morte de João Paulo II, o Conclave ou a eleição de Bento XVI, que acompanhou de perto. Entre os trabalhos que valeram o prémio ao jornalista do “Público” destacam-se peças sobre a iniciativa “A Bíblia em Festa” – por ocasião do ICNE – intitulada “Bono Vox, bebedor de vinho e leitor da Bíblia”, e uma entrevista com José Tolentino Mendonça, padre, poeta e professor, intitulada de “Jesus é um mistério fascinante, ainda por descobrir”. A sua crónica sobre a luz, na tradição cristã, foi considerada pelo júri como “uma pregação laica”. O júri considerou ainda que António Marujo está “fascinado por algo muito mais profundo do que a Igreja”, ou seja, “o mistério da própria Igreja”. O jornalista confessou-se satisfeito com os comentários do júri e assinalou que, com o seu trabalho, pretende também “dar a conhece outras expressões de fé”. Nascido em 1961, António Marujo tem várias obras publicadas na área da religião. É jornalista do “Público” desde a sua fundação, em 1989, tendo trabalhado anteriormente no “Diário de Lisboa” e no “Expresso”. Rigor e inovação Na cerimónia, acompanhada pela Agência ECCLESIA, D. Fernando Soares, presidente do COPIC, sublinhou que se estava na presença de “um exercício prático e efectivo de ecumenismo”, destacando o moco “verdadeiro e imparcial” com que António Marujo trata os assuntos religiosos. Pamela Thompson, da fundação John Templeton, explicou que o prémio quer destacar “pensamento religioso inovador” e que apresente novas perspectivas. Luca Negro, secretário para as comunicações da KEK, sublinhou a capacidade do premiado em “transmitir o fascínio dos assuntos religiosos aos leitores”. A KEK é uma organização que congrega 125 Igrejas Ortodoxas, Protestantes, Anglicanas e Vetero-Católicas de todos os países da Europa, para além de mais 40 associados. O prémio John Templeton já tinha sido ganho, por António Marujo, em 1995 e é a primeira vez que é entregue, por duas vezes, à mesma pessoa.

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