Consistório 2025: Cardeais debateram situação financeira do Vaticano

Missa de sufrágio por Francisco destacou diversidade de proveniências geográficas dos eleitores do novo Papa

Cidade do Vaticano, 30 abr 2025 (Ecclesia) – A sétima reunião (congregação) geral preparatória do Conclave debateu hoje a situação financeira do Vaticano, reunindo mais de 180 cardeais.

“Na primeira parte da manhã, os trabalhos centraram-se em particular na situação económica e financeira da Santa Sé. O cardeal Reinhard Marx, coordenador do Conselho para a Economia da Santa Sé, apresentou um quadro atualizado dos desafios existentes e das questões críticas, oferecendo propostas orientadas para a sustentabilidade”, refere uma nota enviada aos jornalistas pela Santa Sé.

O arcebispo de Munique reiterou “a importância de que as estruturas económicas continuem a apoiar de forma estável a missão do papado”.

O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, refere que os trabalhos continuaram com a intervenção do cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell, presidente do Comité de Investimentos, e do cardeal Christoph Schoenborn, presidente da Comissão dos Cardeais para a supervisão do Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como o ‘Banco do Vaticano’.

O cardeal Fernando Vérgez Alzaga, presidente emérito do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, falou sobre “obras de renovação de edifícios do Estado e ao apoio prestado à Sé Apostólica”.

Na segunda parte dos trabalhos, houve 14 intervenções, incluindo uma “reflexão sobre a eclesiologia do Povo de Deus, com particular referência ao sofrimento causado pela polarização no seio da Igreja e pelas divisões na sociedade”.

“O valor da sinodalidade, vivida em estreita ligação com a colegialidade episcopal, como expressão de uma corresponsabilidade diferenciada, foi várias vezes recordado”, adiantou Matteo Bruni.

Os cardeais falaram também da questão das vocações sacerdotais e religiosas, “considerada em relação à renovação espiritual e pastoral da Igreja”.

“Foi abordada a evangelização, insistindo na necessária coerência entre o anúncio do Evangelho e o testemunho concreto da vida cristã”, informou o Vaticano.

A próxima congregação geral está marcada para sexta-feira, às 09h00 de Roma (menos uma em Lisboa).

Cargo de nomeação pontifícia, o camerlengo é ajudado, “sob a sua autoridade e responsabilidade, por três cardeais assistentes”, um dos quais é o coordenador do Conselho para a Economia.

No período da Sé vacante, é “direito e dever” do camerlengo “solicitar a todas as Administrações dependentes da Santa Sé os relatórios sobre o próprio estado patrimonial e económico, bem como as informações sobre os assuntos extraordinários que estejam em curso”.

Pode ainda requerer ao Conselho para a Economia o orçamento e os balanços consolidados pela Santa Sé no ano anterior, bem como o orçamento para o ano seguinte, e pedir qualquer informação sobre a situação económica da Santa Sé.

O Papa Francisco determinou que, na sede vacante, “todos os chefes das instituições curiais e os membros cessam o cargo”.

“Excetuam-se o penitenciário-mor, que continua a encarregar-se dos assuntos ordinários da sua competência, propondo ao Colégio dos Cardeais aqueles que deveriam ser levados ao conhecimento do romano pontífice, e o esmoler de sua santidade, que continua no exercício das obras de caridade, segundo os mesmos critérios usados durante o pontificado”, refere a constituição ‘Prædicate Evangelium’.

Entretanto, prosseguem no Vaticano as Missas em sufrágio pelo falecido Papa, durante os nove dias de luto que se prolongam até 4 de maio.

Esta quarta-feira, a celebração foi presidida pelo cardeal Leonardo Sandri, vice-decano do Colégio Cardinalício, que destacou a dimensão de serviço na vida dos responsáveis católicos.

“O Papa Francisco viveu esta experiência ao escolher diferentes lugares de sofrimento e solidão para realizar o lava-pés durante a Santa Missa de Quinta-feira Santa, mas também ao ajoelhar-se e beijar os pés dos líderes do Sudão do Sul, implorando o dom da paz”, disse, na homilia da celebração, divulgada pelo Vaticano.

O cardeal destacou a diversidade de proveniências geográficas dos eleitores do novo Papa.

“Cada um de nós, veneráveis irmãos, traz consigo as pessoas para as quais e com as quais é chamado a viver o seu serviço: do Tonga com as Ilhas do Pacífico às estepes da Mongólia, da antiga Pérsia com Teerão ao lugar onde surgiu o anúncio da salvação, Jerusalém, dos lugares então florescentes do cristianismo e agora morada de um pequeno rebanho”, referiu.

“Nalguns casos marcados pelo martírio, como Marrocos e Argélia, só para citar algumas coordenadas da geografia que o Santo Padre quis traçar nestes anos, convocando frequentes Consistórios”, acrescentou.

Em todos estes lugares e continentes, como nos espaços de ligação que são os escritórios da Secretaria de Estado e da Cúria Romana, como sucessores dos Apóstolos, somos chamados todos os dias a recordar e a viver com consciência que ‘reinar é servir”, como o Mestre e Senhor, que está no meio de nós como aquele que serve”.

A Santa Sé divulgou hoje um comunicado a apelar à oração das comunidades católicas de todo o mundo pelos cardeais que, por estes dias, preparam a eleição de um novo Papa.

“O Colégio Cardinalício, reunido em Roma e empenhado nas congregações gerais que preparam o Conclave, deseja dirigir ao Povo de Deus o convite a viver este momento eclesial como um acontecimento de graça e discernimento espiritual, na escuta da vontade de Deus”, indica o texto, enviado aos jornalistas e divulgado online.

A cerimónia de entrada no Conclave e o juramento para a eleição do Papa vão decorrer às 16h30 (menos um em Lisboa) de 7 de maio.

OC

Conclave: Cardeais pedem orações da Igreja pela eleição do Papa

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