Entrega de anel e barrete cardinalícios, com juramento dos novos cardeais, são marcas da cerimónia
Lisboa, 28 set 2023 (Ecclesia) – D. Américo Aguiar vai ser o 17.º cardeal a receber o anel e barrete, durante o próximo consistório público do pontificado de Francisco, este sábado, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa), na Praça de São Pedro.
O guião oficial divulgado pelo Vaticano apresenta a celebração, presidida pelo Papa, que se inicia com a saudação de um dos novos cardeais, em nome do grupo, antes de uma oração proferida por Francisco, pelo ministério pontifício, a leitura de uma passagem dos Atos dos Apóstolos, sobre o Pentecostes, e a homilia.
Após esta intervenção, o Papa lê a fórmula de criação e proclama em latim os nomes dos cardeais, para os unir com “um vínculo mais estreito” à sua missão; segue-se a profissão de fé e o juramento dos novos cardeais, de fidelidade e obediência ao Papa e seus sucessores.
Fórmula de criação dos novos cardeais
“Irmãos caríssimos, preparamo-nos para cumprir um ato grato e grave do nosso sagrado ministério. Ele diz respeito em primeiro lugar à cidade de Roma, mas interessa a toda a comunidade eclesial. Vamos chamar a fazer parte do colégio dos cardeais alguns dos nossos irmãos, para que sejam unidos à Sé de Pedro com um vínculo mais estreito. Eles, marcados pela púrpura sagrada, deverão ser intrépidas testemunhas de Cristo e do seu Evangelho na cidade de Roma e nas regiões mais longínquas. Por isso, com a autoridade de Deus omnipotente, dos santos apóstolos Pedro e Paulo e a nossa, criamos e proclamamos solenemente cardeais da Santa Igreja Romana estes nossos irmãos”. Juramento dos novos cardeais “Eu (…), Cardeal da Santa Igreja Romana, prometo e juro ser fiel, desde agora e para sempre, enquanto viva, a Cristo e ao seu Evangelho, sendo constantemente obediente à Santa Igreja Apostólica Romana, ao bem-aventurado Pedro na pessoa do Sumo Pontífice Francisco e dos seus sucessores canonicamente eleitos; manter sempre com palavras e obras a comunhão com a Igreja Católica; não revelar a ninguém o que me for confiado em segredo nem divulgar aquilo que poderá acarretar dano ou desonra à Santa Igreja; desempenhar com grande diligência e fidelidade as tarefas para as quais estou chamado no meu serviço à Igreja, segundo as normas do Direito. Que assim me ajude Deus omnipotente”. |
Cada um dos novos cardeais ajoelha-se, depois, para receber o barrete cardinalício, de acordo com a ordem de criação.
Imposição do barrete cardinalício
“Para a maior glória de Deus omnipotente e o bem da Santa Sé, recebei este barrete púrpura como sinal da dignidade cardinalícia, simbolizando que deveis estar prontos a comporta-vos com coragem, até à efusão do sangue, pelo incremento da fé cristã, da paz e do bem do povo cristão, e pela liberdade e a expansão da Santa Igreja Romana”. |
Francisco entrega ainda um anel aos cardeais para que se “reforce o amor pela Igreja”, seguindo-se a atribuição a cada cardeal uma igreja de Roma – que simboliza a “participação na solicitude pastoral do Papa” na cidade -, bem como a entrega da bula de criação cardinalícia, momento selado por um abraço de paz.
Cada cardeal é inserido na respetiva ordem (episcopal, presbiteral ou diaconal), uma tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, em que os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade (suburbicárias) ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.
Novos cardeais eleitores (por ordem de criação)
1- Robert Francis Prevost (EUA), Prefeito do Dicastério para os Bispos 2- Claudio Gugerotti (Itália), Prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais 3- Víctor Manuel Fernández (Argentina), Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé 4- Emil Paul Tscherrig (Suíça), Núncio Apostólico 5- Christophe Louis Yves Georges Pierre (França), Núncio Apostólico 6- Pierbattista Pizzaballa (Itália), Patriarca Latino de Jerusalém 7- Stephen Brislin, Arcebispo da Cidade do Cabo (África do Sul) 8- Ángel Sixto Rossi, Arcebispo de Córdoba (Argentina) 9- Luis José Rueda Aparicio, Arcebispo de Bogotá (Colômbia) 10- Grzegorz Ryś, Arcebispo de Lodz (Polónia) 11- Stephen Ameyu Martin Mulla, Arcebispo de Juba (Sudão do Sul) 12- José Cobo Cano, Arcebispo de Madrid (Espanha) 13- Protase Rugambwa, Arcebispo coadjutor de Tabora (Tanzânia) 14- Sebastian Francis, Bispo de Penang (Malásia) 15- Stephen Chow Sau-Yan, Bispo di Hong Kong (China) 16- François-Xavier Bustillo, Bispo de Ajaccio (França) 17- Américo Manuel Alves Aguiar, Bispo eleito de Setúbal (Portugal) 18- Padre Ángel Fernández Artime (Espanha), reitor-mor dos Salesianos (com mais de 80 anos) 19- Agostino Marchetto (Itália), Núncio Apostólico 20- Diego Rafael Padrón Sánchez, Arcebispo emérito de Cumaná (Venezuela) 21- Padre Luis Pascual Dri, confessor no Santuário de Nossa Senhora de Pompeia, Buenos Aires (Argentina – devido à sua idade, 96 anos, não receberá o anel e o barrete cardinalícios no Vaticano) |
O consistório para a criação de cardeais é uma cerimónia que se desenvolveu ao longo dos séculos, dando origem a um cerimonial próprio, que é hoje público.
Ao longo de centenas de anos, o anúncio era feito num consistório secreto, no qual o Papa anunciava o nome dos novos cardeais, que recebiam depois um “bilhete” com essa nomeação.
Após o Concílio Vaticano II (1962-1965), o consistório foi sendo sucessivamente simplificado até à fórmula atual, aprovada pelo Papa Bento XVI em 2012, que unificou o rito de entrega do barrete e do anel cardinalícios.
O consistório para a criação de 21 cardeais, entre eles 18 futuros eleitores, decorre em vésperas do início da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (4 a 29 de outubro de 2023).
Aos 49 anos de idade, D. Américo Aguiar será o segundo membro mais jovem do Colégio Cardinalício e o quarto cardeal português criado no atual pontificado.
Portugal teve até hoje 46 cardeais, a começar por Mestre Gil (também aparece com o nome de Egídio), criado pelo Papa Urbano IV (1195- 1264).
O Colégio Cardinalício tem, neste momento, 221 membros (119 eleitores, 102 com mais de 80 anos), incluindo cinco portugueses: D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa, D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima, D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, todos criados pelo Papa Francisco e eleitores num eventual conclave; D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito; e D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, ambos com mais de 80 anos.
Este é o nono consistório do atual pontificado, após os realizados a 22 de fevereiro de 2014, 14 de fevereiro de 2015, 19 de novembro de 2016, 28 de junho de 2017, 28 de junho de 2018, 5 de outubro de 2019, 28 de novembro de 2020 e 27 de agosto de 2022.
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