Novo cardeal português recebeu barrete e anel cardinalício em momento «afetuoso» na praça de São Pedro
Cidade do Vaticano, 30 set 2023 (Ecclesia) – D. Américo Aguiar disse hoje, após receber o barrete e o anel cardinalício das mãos do Papa Francisco, que este lhe pediu para ter “Setúbal no coração”.
“Em razão da minha igreja titular, de Santo António de Pádua na Via Merulana, disse umas piadas, de Lisboa ou de Pádua, e falou de Setúbal: «Tem Setúbal no seu coração», que é particularmente bonito e inspirador”, confidenciou o novo cardeal português aos jornalistas após a cerimónia do consistório.
O Papa Francisco entregou hoje, pelas 10h39 (menos uma em Lisboa) o anel e o barrete cardinalícios ao bispo português D. Américo Aguiar, numa cerimónia que decorreu na Praça de São Pedro.
D. Américo Aguiar foi criado cardeal-presbítero, recebendo o título de Santo António de Pádua na Via Merulana (Sancti Antonii Patavini de Urbe), em Roma, igreja de que foram titulares, entre 1973 e 1998, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, e de 2001 a 2022 o cardeal brasileiro D. Claudio Hummes, uma figura muito próxima do Papa Francisco.
“Para mim é significativo que esta igreja tenha sido titular do cardeal António Ribeiro e também do cardeal Hummes, o culpado do nome Francisco, «não te esqueças dos pobres». Tudo são sinais, recados e provocações que coloco no coração”, indicou.
Durante esse encontro e aproximação, D. Américo Aguiar afirma reagir com o Papa Francisco como sempre costuma fazer: “Sempre que nos encontramos, eu tenho este gesto de simpatia e carinho, de avó e de neto, de pai e filho, de sucessor de Pedro e de colaborar próximo. Sempre o fiz porque sim, não sei fazer de outra maneira”, reconhece.
Durante a cerimónia do consistório, cada um dos novos cardeais ajoelhou-se para receber o barrete cardinalício, de acordo com a ordem de criação.
“Quando estava a subir aquela rampa lembrei-me daquele dia, da vigília, que o Papa sozinho no contexto da pandemia e do confinamento, (rezou na praça de São Pedro sozinho), senti partilhar o peso, dessa caminhada. Depois, «In manus tuas», a partir do momento em que nos entregamos nas mãos de Deus, e assim, aconteceu”, explicou.
D. Américo Aguiar quis ainda valorizar as palavras do Papa Francisco que pediu aos novos cardeais para serem uma “orquestra sinfónica e sinodal”.
“Um homem do norte adapta-se a qualquer instrumento e agora vamos dar música”, disse aos jornalistas.
Sobre a fórmula dita em latim durante a cerimónia de criação de cardeal, D. Américo Aguiar referiu que a língua liga à tradição mas aponta para a diversidade que a Igreja hoje é.
“A diversidade de línguas do Pentecostes leva-nos à Igreja de hoje, não pode ter a tentação de ser um museu e devemos em cada tempo estar próximos e sensíveis, com os métodos e expressões em cada tempo, saber estar, falar e comunicar com cada um na sua língua, cultura”, finalizou.
D. Américo Aguiar, novo bispo de Setúbal, tornou-se, assim, o sétimo cardeal português do século XXI e quarto a ser criado no atual pontificado.
O responsável junta-se a D. José Saraiva Martins, D. Manuel Monteiro de Castro, D. Manuel Clemente, D. António Marto e D. José Tolentino Mendonça no Colégio Cardinalício; D. José Policarpo, falecido em 2014, foi criado cardeal em 2011.
A nomeação cardinalícia do presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 foi anunciada a 9 de julho; a 21 de setembro, o Papa nomeou o então auxiliar de Lisboa como novo bispo de Setúbal.
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