Consistório 2023: «Ainda estou a recuperar», afirma o novo cardeal português sobre a escolha do Papa Francisco (c/vídeo)

Sem alimentar expectativas, D. Américo Aguiar promete «entrega total» aos novos desafios e afirma que «dentro de casa há reações que não são justificáveis»

Lisboa 28 set 2023 (Ecclesia) – D. Américo Aguiar afirmou que o primeiro sentimento que teve ao ser escolhido para cardeal pelo Papa “foi de medo”, de que “ainda está a recuperar”, e prometeu “entrega na totalidade” ao novo desafio.

Em entrevista conjunta à Agência ECCLESIA e à Agência LUSA, o coordenador-geral da organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) disse que a escolha de Francisco para integrar o Colégio Cardinalício é “um gesto de homenagem aos jovens”, nomeadamente os jovens portugueses envolvidos na preparação da jornada e “à juventude como um todo”.

“Acredito que isso tenha tido peso na decisão inesperada do Papa Francisco para aquele anúncio, que me surpreendeu e surpreendeu a todos”.

O novo cardeal português disse que não teve a “ousadia” de perguntar ao Papa as razões da sua escolha para cardeal, valorizando a proximidade e sintonia com as prioridades do atual pontificado.

“O facto de ter tido, seis, oito, 10, 12, audiências privadas com o Papa ao longo destes quatro anos, levou a que ele me mirasse, tirasse as medidas e decidisse o que decidiu”, sublinhou.

D. Américo Aguiar valorizou projetos de diálogo e de conhecimento do diferente no ambiente da Igreja Católica, afirmando que essa atitude corresponde ao seu ADN, mostrando-se surpreendido com as manifestações de intolerância por quem tem opiniões distintas, “na era da liberdade de expressão”.

“Dentro de casa, há reações que não são justificáveis: é importante educarmo-nos mutuamente, sermos pedagógicos para nos respeitarmos e nos amarmos”, sustentou, ao ser questionado sobre manifestações de alguns setores da Igreja Católica contra afirmações que fez durante a preparação da Jornada Mundial da Juventude, nomeadamente que não queria “converter os jovens a Cristo ou à Igreja”.

“A nossa obrigação é a evangelização, é anunciar a Boa Nova, Cristo Vivo. As conversões, é Cristo que opera no coração de cada um. Não sou eu que realizo a conversão no Manuel, António ou a Maria… É Deus que o faz! As conversões acontecem ao nível do coração de cada um. A minha obrigação, a minha missão, a minha vocação é anunciar, é a evangelização. E a evangelização não choca com este caminho que queremos fazer de fraternidade universal”.

Foto VaticanMedia

D. Américo Aguiar, natural de Leça do Balio, tem 49 anos e foi escolhido pelo Papa Francisco para cardeal no dia 9 de julho; coordenador-geral da JMJ Lisboa 2023, o até agora bispo auxiliar de Lisboa foi nomeado bispo de Setúbal na última semana, a 21 de setembro.

O primeiro sentimento que tive foi de medo, de incapacidade”, disse D. Américo Aguiar, acrescentando que, quando tem um desafio, entrega-se “na totalidade a esse desafio”, tendo sido encorajado por outros cardeais de Portugal, Espanha e Brasil, que são cada vez menos “príncipes da Igreja” para serem conselheiros do Papa.

“Nas suas últimas nomeações, o Papa tem reforçado muito isso: não é poder, não é fausto, não é nada disso; são aqueles que ele chama mais proximamente para junto de si, sem ser até geográfico, para o governo da Igreja, para ter mais perto as sensibilidades, seja da idade, seja da geografia e de tantas outras circunstâncias”, sublinhou na entrevista à Agência ECCLESIA e Agência LUSA.

O consistório convocado pelo Papa Francisco para o dia 30 de setembro vai criar 21 novos cardeais, três deles com mais de 80 anos (não eleitores).

PR

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Agência ECCLESIA

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