Francisco chama conselheiros de quatro continentes, com experiências em contextos de conflito ou onde o catolicismo é minoritário
Cidade do Vaticnao, 04 out 2019 (Ecclesia) – Os novos cardeais escolhidos pelo Papa, vindos de quatro continentes, confirmam a opção de Francisco por conselheiros com experiência em situações de “fronteira”, religiosas, culturais ou sociais.
O primeiro nome a ser anunciado para o consistório de sábado foi o do atual presidente Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, D. Miguel Ángel Ayuso Guixot, especialista em estudos islâmicos; o colaborador do Papa vai ser o primeiro cardeal do Instituto dos Missionários Combonianos.
D. José Tolentino Mendonça, português, está há pouco mais de um ano à frente do Arquivo e da Biblioteca da Santa Sé, sendo conhecido pelo seu compromisso de diálogo com o mundo da cultura e da não-crença, como teólogo e poeta.
Outro colaborador do Papa, na Cúria Romana, é o padre Michael Czerny, um jesuíta nascido na antiga Checoslováquia, atual subsecretário da Secção dos Migrantes e Refugiados no Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral; o novo cardeal foi escolhido como secretário especial no próximo Sínodo para a região pan-amazónica.
Simbolicamente, a cruz do cardeal Czerny será de madeira oriunda de um barco usado para atravessar o Mediterrâneo, por migrantes, rumo a Lampedusa.
Outros dois futuros cardeais têm trabalhado em favor dos refugiados: em Marrocos, o salesiano espanhol D. Cristóbal López Romero, arcebispo de Rabat, vê na decisão do Papa um impulso para “o diálogo inter-religioso e o trabalho que o Reino do Marrocos está a desenvolver em favor dos imigrantes”; já na Guatemala, D. Alvaro Leonel Ramazzini Imeri foi apresentado pela Conferência Episcopal como alguém marcado “pelo amor aos mais pobres e os excluídos, a defesa dos migrantes, a busca da paz sem esquecer da justiça”.
Da Europa chegam o arcebispo luxemburguês D. Jean-Claude Höllerich, jesuíta que passou muitos anos da sua vida no Japão, e o italiano D. Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha, figura central no processo que levou à assinatura do Acordo de Paz de 1992, em Moçambique, pela sua ligação à comunidade de Santo Egídio.
O cubano D. Juan de la Caridad García Rodríguez, arcebispo de Havana; D. Fridolin Ambongo Besungu, capuchinho, arcebispo de Kinshasa na República Democrática do Congo; e D. Ignatius Suharyo Hardjoatmodjo, arcebispo de Jacarta, na Indonésia, complementam a lista de novos eleitores.
Já os três cardeais com mais 80 anos de idade incluem D. Michael Louis Fitzgerald, conhecido no diálogo inter-religioso e antigo núncio apostólico no Egito , D. Sigitas Tamkevicius, jesuíta, arcebispo emérito de Kaunas, na Lituânia, que foi condenado a trabalhos forçados e exilado na Sibéria pelo regime soviético; e D. Eugénio Dal Corso, missionário italiano, bispo emérito de Benguela, em Angola.
OC