Consistório 2018: «Quando estava distante de Fátima, a expressão ‘altar do mundo’ não me agradava» – D. António Marto (c/vídeo)

Novo cardeal português diz que o Papa quer que o Colégio Cardinalício procure «exprimir a universalidade da Igreja», incluindo Fátima 

Foto Santuário de Fátima

Lisboa, 27 jun 2018 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima disse que não gostava da expressão “Fátima, altar do mundo” e considera a sua nomeação para cardeal uma “escolha pessoal” de Francisco após ter percebido o “alcance de Fátima”.

“Imagino que teve influência a celebração do Centenário das Aparições em que o Papa esteve presente e deve ter percebido o sentido, o significado e o alcance de Fátima, da sua mensagem”, afirmou D. António Marto.

Para o bispo de Leiria-Fátima, o Papa Francisco quer que o Colégio Cardinalício procure “exprimir a universalidade da Igreja e das características de cada Igreja particular” e “possivelmente quer também que esse cariz mariano esteja presente com esta Mensagem de Fátima, que é sempre atual porque acompanha a história de cada século e cada década, iluminando-a”.

Numa entrevista à Agência ECCLESIA por ocasião da realização do Consistório, esta quinta, em que vai ser criado cardeal pelo Papa, D. António Marto recordou que “quando estava distante de Fátima” achava a expressão “altar do mundo” um “exagero”.

“Antigamente não gostava dessa expressão ‘altar do mundo’, mas hoje compreendo-a”, lembrou o bispo de Leiria-Fátima.

“Fátima é o espelho dos vários modos de viver a fé entre o nosso povo”, sublinhou.

Questionado sobre a aceitação de celebrações nos templos do Santuário num ambiente litúrgico que não segue as propostas de simplicidade do Papa Francisco, como aconteceu com a presença do cardeal Burke, D. António Marto disse que o Santuário “não excluiu ninguém”.

“As pessoas, às vezes, colocam todo o interesse por um pequeno fenómeno que aqui aconteceu, que não é o normal de Fátima. Mas Fátima não exclui ninguém e tanto mais um cardeal que não está excluído da Igreja”, afirmou, acrescentando que não esteve presente “de propósito”.

D. António Marto disse que o Papa tem no novo cardeal de Portugal um “parceiro convicto” para as reformas que tem em curso, referindo que “é natural que sempre existam resistências, bolsas no meio do povo, como também entre os colaboradores próximos, mesmo entre os próprios cardeais”.

O bispo de Leiria-Fátima considera que o “Papa Francisco trouxe um estilo novo de ser pastor, de ser bispo” e também de ser cardeal, marcado pela “simplicidade, quer na maneira como se apresenta, quer na forma de falar às pessoas, na forma como se torna próximo”.

Na entrevista à Agência ECCLESIA, D. António Marto referiu-se também à aplicação das disposições propostas pelo Papa na sequência do sínodo sobre a família para acolher e integrar todos os casais, afirmando o “acordo” entre o episcopado português, mesmo que a linguagem seja “diferente”, e disse que a mudança de paradigma está na primazia ou não da consciência moral individual.

“É uma mudança porque vem reconhecer o valor próprio da consciência, que já foi reconhecido pelo Concílio Vaticano II, mas que ainda não tinha sido aplicado a determinadas situações concretas”, sublinhou.

Valorizando o trabalho do Papa Francisco, D. António Marto disse que, na História da Igreja, têm sido “os anciãos a fazer as grandes reformas”.

Para o bispo de Leiria-Fátima, em causa estão “pessoas que têm uma experiência de vida acumulada, que deram um testemunho de fé e de vida à Igreja que já ninguém pode duvidar, que sabe discernir o bem, o essencial e o secundário”.

D. António Marto vai ser criado cardeal no dia 28, no consistório convocado pelo Papa Francisco, que vai elevar ao colégio cardinalício 14 novos elementos, 11 deles eleitores num futuro conclave.

PR

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Agência ECCLESIA

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