Consistório 2016: Papa denuncia «vírus da polarização» na Igreja e na sociedade

Francisco pede aos cardeais que rejeitem ver «inimigos» em quem é diferente

Cidade do Vaticano, 19 nov 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco denunciou hoje no Vaticano o “vírus da polarização” que atinge a Igreja e a sociedade, pedindo aos cardeais que rejeitem ver um “inimigo” em quem é diferente.

“Pouco a pouco as diferenças transformam-se em sintomas de hostilidade, ameaça e violência. Quantas situações de precariedade e sofrimento são disseminadas através deste crescimento da inimizade entre os povos, entre nós! Sim, entre nós, dentro das nossas comunidades, dos nossos presbitérios, das nossas reuniões”, disse, na homilia do consistório público a que presidiu esta manhã, na Basílica de São Pedro.

A cerimónia para a criação de 17 cardeais (D. Sebastian Koto Khoarai, do Lesotho, esteve ausente por problemas de saúde) incluiu a entrega do barrete e do anel cardinalícios.

Francisco falou numa “epidemia de inimizade e violência” e num “vírus da polarização e da inimizade” que permeia as formas de “pensar, sentir e agir”.

“Não sendo imunes a isto, devemos estar atentos para que tal conduta não ocupe o nosso coração, pois iria contra a segurança e a universalidade da Igreja que podemos constatar palpavelmente hoje neste Colégio Cardinalício”, declarou o Papa.

Os 13 novos cardeais eleitores (com menos de 80 anos de idade) são oriundos de 11 países, alguns dos quais ainda não se encontravam representados no Colégio Cardinalício, como o Bangladesh, a Maurícia ou a Papua Nova-Guiné.

Francisco criou mesmo o mais jovem cardeal da Igreja Católica, D. Dieudonné Nzapalainga, arcebispo de Bangui (República Centro-Africana), de 49 anos.

“Vimos de terras distantes, temos costumes, cor da pele, línguas e condições sociais distintas; pensamos de forma diferente e também celebramos a fé com vários ritos. E nada de tudo isto nos torna inimigos; pelo contrário, é uma das nossas maiores riquezas”, disse, na homilia da cerimónia litúrgica.

O pontífice argentino convidou todos os cardeais a anunciar o “Evangelho da Misericórdia”, como “pessoas capazes de perdão e reconciliação”, com um olhar privilegiado para quem está “privado da sua dignidade”.

Portugal está representado no Colégio Cardinalício por D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, e D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito, ambos eleitores; e D. José Saraiva Martins, de 84 anos, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos.

Após a homilia, o Papa leu a fórmula de criação, em latim, e proclamou solenemente o nome dos novos cardeais, seguindo-se a sua profissão de fé e o juramento de fidelidade e obediência ao pontífice e seus sucessores.

Os novos cardeais ajoelharam-se diante de Francisco, que lhes impôs o barrete cardinalício e lhes entregou o anel, confiando-lhes um título de uma igreja romana, como sinal de participação na “solicitude pastoral” do Papa.

Após estes gestos, o pontífice e cada cardeal trocaram um abraço de paz.

O Papa, os novos cardeais e todo o Colégio Cardinalício vão concelebrar a Missa de 20 de novembro, na solenidade litúrgica de Cristo-Rei, que marca o final do Jubileu da Misericórdia.

OC

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Agência ECCLESIA

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