Cardeais europeus eram 56% dos eleitores em 2013 e passam agora para 45%
Cidade do Vaticano, 18 nov 2016 (Ecclesia) – O Papa vai presidir este sábado ao terceiro consistório do seu pontificado, para criar 17 cardeais, dos quais 13 eleitores (com menos de 80 anos), reforçando o papel das “periferias” no Colégio Cardinalício.
Desde 2013, quando os cardeais eleitores da Europa representavam 56% do total, Francisco tem vindo a alargar as fronteiras das suas escolhas, com uma mudança mais visível no peso específico da África, Ásia e Oceânia.
Quando foi eleito, o atual Papa tinha como colaboradores apenas 22 cardeais eleitores destes três continentes; no sábado vão passar a ser 33, um número praticamente igual ao da América (34 eleitores, entre América do Norte, Central e do Sul), ou seja, cerca de 28% dos participantes num eventual conclave.
A Europa passou dos referidos 56% para 45% dos eleitores (54 cardeais), embora se mantenha uma forte marca da tradição italiana, com 25 elementos neste grupo; apenas os Estados Unidos da América, com 10 eleitores, se aproximam desta dimensão.
Um eventual conclave teria, assim, 55 eleitores criados no pontificado de Bento XVI, 44 no de Francisco e 22 no de João Paulo II, totalizando 121 cardeais; os cardeais com mais de 80 anos serão 107, a partir deste dia 20.
Portugal está representado por três cardeais, D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, e D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito. ambos eleitores; D. José Saraiva Martins, de 84 anos, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos.
No consistório de sábado, anunciado pelo Papa a 9 de outubro, vai ser criado o mais jovem cardeal da Igreja Católica, D. Dieudonné Nzapalainga, arcebispo de Bangui (República Centro-Africana), de 49 anos.
Os 13 novos eleitores são oriundos de 11 países, alguns dos quais ainda não se encontravam representados no Colégio Cardinalício, como o Bangladesh, a Maurícia ou a Papua Nova-Guiné.
Os novos cardeais eleitores são: D. Mario Zenari (Itália), núncio apostólico [representante diplomático da Santa Sé] na Síria; D. Dieudonné Nzapalainga (República Centro-Africana), arcebispo de Bangui; D. Carlos Osoro Sierra (Espanha), arcebispo de Madrid; D. Sérgio da Rocha (Brasil), arcebispo de Brasília; D. Blase J. Cupich (EUA), arcebispo de Chicago; D. Patrick D’Rozario, arcebispo de Daca (Bangladesh); D. Baltazar Enrique Porras Cardozo (Venezuela), arcebispo de Mérida; D. Jozef De Kesel (Bélgica), arcebispo de Bruxelas; D. Maurice Piat (Maurícia), arcebispo de Port-Louis; D. Kevin Joseph Farrell (EUA), prefeito do Dicastério para os Leigos, Vida e Família (Santa Sé); D. Carlos Aguiar Retes (México), arcebispo de Tlalnepantla; D. John Ribat, arcebispo de Port Moresby (Papua Nova-Guiné); D. Joseph William Tobin (EUA), arcebispo nomeado de Newark, até agora arcebispo de Indianápolis.
Francisco quis ainda nomear dois arcebispos e um bispo emérito, com mais de 80 anos, que se distinguiram no seu serviço pastoral”: D. Anthony Soter Fernandez (Malásia), arcebispo emérito de Kuala Lumpur; D. Renato Corti, arcebispo emérito de Novara (Itália); D. Sebastian Koto Khoarai, bispo emérito de Mohale’s Hoek (Lesotho).
Entre os cardeais com mais de 80 anos está também o padre Ernest Simoni – que fez Francisco chorar ao abraçá-lo, na Albânia, evocando a perseguição do regime comunista – como reconhecimento pelo seu “claro testemunho cristão”.
O Papa, os novos cardeais e todo o Colégio Cardinalício vão concelebrar a Missa de 20 de novembro, na solenidade litúrgica de Cristo-Rei, que marca o final do Jubileu da Misericórdia.
OC