Consistório 2015: Francisco alerta para tentações da inveja, do orgulho e do rancor

Papa pede «humildade e ternura» aos novos cardeais

Cidade do Vaticano, 14 fev 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco alertou hoje no Vaticano para as tentações da inveja, do orgulho e do rancor que podem existir na vida da Igreja, pedindo aos novos cardeais que sejam exemplo de “caridade” e de “justiça”.

“Nós, seres humanos (todos, e em todas as idades da vida), sentimo-nos inclinados à inveja e ao orgulho por causa da nossa natureza ferida pelo pecado. E as próprias dignidades eclesiásticas não estão imunes desta tentação”, assinalou, na homilia do consistório para a criação de 19 cardeais, incluindo D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa.

Segundo Francisco, quem tem responsabilidades de governo na Igreja Católica “deve ter um sentido tão forte da justiça que veja toda e qualquer injustiça como inaceitável, incluindo aquela que possa ser vantajosa para si mesmo ou para a Igreja”.

O Papa argentino explicou que a “dignidade cardinalícia” não é “honorífica” e que, na Igreja, “toda a presidência provém da caridade, deve ser exercida na caridade e tem como fim a caridade”.

“A caridade, dom de Deus, cresce onde há humildade e ternura”, acrescentou.

Francisco admitiu que quem vive em contacto com as pessoas tem sempre “ocasiões para se irritar”, mas advertiu contra o “risco mortal da ira retida, «aninhada» no interior”.

“Não. Isto não é aceitável no homem de Igreja. Se é possível desculpar uma indignação momentânea e imediatamente moderada, não se pode dizer o mesmo do rancor. Que Deus nos preserve e livre dele”, declarou.

O Papa convidou os presentes a “saber amar sem limites”, com atenção às situações particulares, através de gestos concretos, com a “capacidade de ter em conta o outro, a sua dignidade, a sua condição, as suas necessidades”.

“A benevolência é a intenção firme e constante de querer o bem sempre e para todos, incluindo aqueles que não nos amam”, prosseguiu.

Em conclusão, Francisco apresentou aos novos cardeais um “programa de vida”, pedindo-lhes que sejam “pessoas capazes de perdoar sempre; de dar sempre confiança, porque cheias de fé em Deus; capazes de infundir sempre esperança, porque cheias de esperança em Deus; pessoas que sabem suportar com paciência todas as situações e cada irmão e irmã, em união com Jesus”.

O Papa Francisco anunciou no passado dia 4 de janeiro a criação de 15 cardeais eleitores, provenientes de 14 países, além de cinco cardeais com mais de 80 anos de idade (sem direito a participar num eventual Conclave).

O mais velho dos novos cardeais, D. José de Jesús Pimiento Rodríguez, arcebispo emérito de Manizales (Colômbia), de 95 anos, não pôde deslocar-se ao Vaticano, pelo que vai receber o anel e o barrete vermelho na sua diocese.

OC

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Agência ECCLESIA

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