A Igreja está em crise por causa do diálogo ecuménico, acusam seguidores de Lefebvre O bispo Bernard Fellay, líder do cisma produzido pelo falecido arcebispo Marcel Lefebvre, atacou ontem os esforços ecuménicos da Igreja e revelou que, da parta da autodenominada “Fraternidade Sacerdotal São Pio X”, o diálogo com a Santa Sé considera-se “estagnado”. Fellay apresentou, em conferência de imprensa, uma carta dirigida a vários cardeais em que afirma que “a Igreja está em crise por causa do diálogo ecuménico, promovido após o Concílio Vaticano II”. A carta, assinada por Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade, e pelos outros quatro bispos que integram a mesma, foi escrita para apresentar um documento de 47 parágrafos, no qual se procura fazer um balanço do Pontificado de João Paulo II com o título: “Do ecumenismo à apostasia silenciosa, 25 anos de pontificado”. Fellay e os outros bispos foram excomungados a 2 de Julho de 1988, por terem sido ordenados “ilegitimamente” no seio da Fraternidade, por parte do arcebispo Lefebvre. A carta apostólica “Ecclesia Dei”, de João Paulo II, constatou que esta ordenação de bispos (a 30 de Junho de 1988) constituiu “um acto cismático”. O documento apresentado no dia 2 de Fevereiro interpreta a posição de João Paulo II, e outros expoentes da Igreja Católica, sobre o ecumenismo, acusando os mesmos de provocarem “a perda da identidade própria da Igreja Católica para equipará-la a qualquer outra confissão ou Igreja cristã.” Uma carta enviada em 5 de Abril de 2002 pelo Cardeal Darío Castrillón Hoyos, presidente da Comissão Pontifícia “Ecclesia Dei”, ao mesmo Bernard Fellay, acusava a fraternidade de “ataque frontal” ao Papa, por sugerir que este “tinha abandonado a Tradição”. O superior geral da Fraternidade retomou ontem essas acusações e disse que, neste momento, a Igreja católica “não é um barco no meio de uma tormenta, mas um barco que tem um grande rombo”. Fellay é conhecido por recusar o Vaticano II, especialmente as mudanças litúrgicas e qualquer iniciativa ecuménica.
