O “Conselho indigenista missionário” (Cimi) da Igreja Católica no Brasil manifestou o seu descontentamento com a decisão do Supremo Tribunal Federal – STF, que permitiu o regresso da comunidade Xavante à Terra Indígena Marãewatsedé, também conhecida como Suyá Missu, no município de Alto Boa Vista (Mato Grosso), mas não ordena a expulsão dos invasores do território. Para o bispo D. Pedro Casaldáliga esta é “uma decisão salomónica” a que faltou coragem. “Negociar às custas dos direitos dos indígenas é, sempre, autorizar a política de concessão de latifúndios”, critica o prelado numa nota publicada pelo Cimi. A disputa entre os Xavante e um grupo de proprietários rurais instalados ilegalmente na terra indígena esteve perto de acabar em tragédia: um grupo de 600 nativos acampou junto do latifúndio, ameaçando invadi-lo, e os “posseiros” estavam dispostos a fazer-lhes frente com armas de fogo. O Cimi denuncia agora um cenário de “terra queimada” no interior de Marãewatsedé, devastada pelo desflorestamento ilegal e as plantações clandestinas de soja. “Os interesses económicos não devem atacar os direitos constitucionais dos índios”, concluiu o bispo Casaldáliga.