Congresso Missionário Nacional

Colocar as missões como prioridade das dioceses onde todos são protagonistas O Congresso Missionário Nacional, que hoje começa em Fátima, quer colocar a prioridade e o dinamismo da missão em todas as comunidades cristãs. Esta é uma iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa, inicialmente previsto para o ano de 2006. Em 1998 celebrou-se o ano missionário e o ano da primeira peregrinação dos Institutos Nacionais Ad Gentes. Dez anos depois, surge o Congresso. Em pleno Ano Paulino a temática do anúncio percorre as iniciativas e projectos deste ano. “A simultaneidade dos dois acontecimentos é uma mais valia, pois São Paulo é o apóstolo por excelência e é o grande missionário dos tempos primitivos da Igreja”, reconhece o Pe. Durães Barbosa, Director das Obras Missionárias Pontifícias. Regista-se, actualmente, uma grande participação dos leigos na missão. Através da Fundação Evangelização e Culturas, que funciona como plataforma do voluntariado missionário, muitas entidades envolveram-se na preparação do Congresso. Ana Patrícia Fonseca, da Fundação Evangelização e Culturas, explica que “muitas entidades estarão também presentes na tarde de Sábado, quando se realizar uma Feira do Voluntariado Missionário, altura para partilhar o trabalho que realizam, os projectos e missões”. Para além do espaço do partilha, está ainda programado um momento multimédia, onde através de filmes, o trabalho será também divulgado. Pe. Tony Neves, Presidente da Missão Press, recorda que quando João Paulo II veio a Portugal afirmou que “Portugal estava convocado para a missão”. “Esta convocatória foi tomada a sério e nos últimos anos percebemos que o rosto da missão muda”, afirma, reconhecendo o peso da dimensão laical, “e tem havido um grande esforço nas comunidades, em dar espaço à missão também internamente”, explica. São muitas as iniciativas que decorrem dentro de Portugal “e há muita abertura para partir”. O lugar dos leigos A missão não é exclusiva a alguns grupos. O Pe. Tony Neves aponta que a missão “é da Igreja”. O sacerdote espiritano aponta que “ao olharmos para a História, sobretudo a partir do Séc. XVI e XVII, criou-se a mentalidade que quem partia pertencia aos Institutos Missionários Ad Gentes. A Igreja tratava das vocações, o apoio financeiro e outros meios que permitiam aos institutos realizar as missões no terreno”. O Pe. Tony congratula-se por esta mentalidade ter mudado, “e a Igreja como um todo assume a missão”. No últimos 20 anos, “a Igreja passou de muito clerical, para bastante laical, no que à missão diz respeito”. Em 1988 partiram os primeiros Jovens Sem Fronteiras para a Guiné Bissau e os primeiros Leigos para o Desenvolvimento para São Tomé e Príncipe e “daí para cá tem sido fantástica a mobilização de jovens e menos jovens que partem por um, dois meses ou em projectos de maior duração”. “Os institutos missionários Ad Gentes tiveram um papel importante na criação de uma consciência missionária, mais avançada e apostaram na formação dos leigos. A partir dos Institutos Missionários, as próprias diocese estão empenhadas”. O Pe. Durães Barbosa aponta a diocese da Guarda, Aveiro, Leiria “que realiza uma experiência de geminação com uma diocese angolana”, onde se encontram presentes sacerdotes e leigos a trabalhar durante todo o ano. “Esta é uma tomada de consciência nova e os leigos estão a trabalhar muito bem, no que diz respeito à missão. No que diz respeito à Igreja, ainda não ocupam o seu lugar”. O convite do Congresso destina-se a promover no futuro, “círculos missionários em cada diocese e, pouco a pouco, se implantem em cada paróquia”. O Director das Obras Missionárias Pontifícias sublinha que “isto é o desejável”. No final do Congresso “teremos várias conclusões, mas também um compromisso de cada diocese para criar esta círculo”. Estas estruturas têm por objectivo “consciencializar para a missão Ad Gentes e para a missão interna”. O Pe. Durães aponta que actualmente a missão “não tem geografia”. Passados 20 anos, mais de 1500 leigos já partiram em missão. Dados adiantados pela FEC, a que Ana Patrícia Fonseca acrescenta “de ano para ano vai aumentando o número de leigos a partir em missão”. “A pouco e pouco os leigos vão ganhando este espaço, mas também o protagonismo de querer participar na vida missionária e ser activo na Igreja”. Os próprios projectos de voluntariado missionário vão sendo mais longos. “A maioria dos projectos continuam a ser de curta duração (um ou dois meses), mas há muitos de longa duração que continuam no terreno”. Os projectos de um ou dois anos “comprometem, exigem mais compromisso, doação e disponibilidade e o número de leigos que protagonizam estes projectos têm vindo a aumentar”, regista a responsável da FEC pelo voluntariado missionário. Também os leigos que protagonizam as missões estão convocados a participar no debate. No Sábado de manhã está programado um painel de testemunhos de leigos que estiveram em missão, numa multiplicidade de testemunhos em projectos de curta e longa duração, “contribuindo para a reflexão”. Comprometer para a missão O Pe. Tony Neves, que esteve na comissão preparatória do Congresso, explica que a organização pretende que o painel dos intervenientes seja “o mais plural possível, quer a nível geográfico como a nível de experiências também”. Por isso, o Congresso vai contar com académicos “que têm reflectido sobre a missão na Igreja, bispos e pastores que dão corpo à missão e leigos que, estando empenhados em diversos quadrantes na sociedade portuguesa, podem também ter uma participação muito activa para percebermos o mundo em que estamos e como, cristãmente e missionariamente, somos chamados a intervir”. Este panorama “vai permitir realizar uma reflexão alargada sobre a missão hoje”, completa o sacerdote espiritano. O Congresso vai também ouvir “vozes da linha da frente, nos locais onde as missões decorrem”. Para isso, o testemunhos dos intervenientes nas missões é importante, assim como o contributo dos responsáveis dos países de missão. Nesse sentido, estará presente um bispo moçambicano “para partilhar experiências”. O Pe. Durães lembra que a Igreja portuguesa esteve muito presente nos países lusofonos e “gostaríamos de ouvir uma voz de lá, para ver o benefícios, melhorias, apostas”, exemplifica. “Portugal vive a missão, rasga horizontes” é o tema do Congresso. O Pe. Durães Barbosa sublinha que os dias do Congresso foram divididos a partir do tema. O primeiro dia será reservado a estudar Portugal. “O que Portugal faz, como reage à missão. Seguimos para reflectir sobre as experiências, e o que elas podem significar dentro da Igreja portuguesa”. O Director explica que “o rasgar horizontes significa uma aposta nos leigos, e nota-se que esta aposta tem resultado”. As conferências apostam numa dupla abordagem de missão – nacional e além fronteiras. “A missão deve ser projectada também internamente”, sublinha o Pe. Durães. Portugal pode assumir mais a prioridade da missão. Ana Patrícia Fonseca sublinha que “o compromisso será um dos desafios do Congresso”. Os círculos nas dioceses “visam precisamente o compromisso nas paróquias”. O Pe. Tony Neves enfatiza que o compromisso dos leigos tem de ser apoiado pelas hierarquias. “Na forma como a Igreja está organizada, não precisamos de ter ilusões, precisamos do apoio da hierarquia, caso contrário, dificilmente os objectivos serão cumpridos”. Neste sentido, todos os títulos da imprensa missionária portuguesa tomaram a opção de “pedir a cinco bispos portugueses que tutela a parte social, a comunicação social, o diálogo inter-religioso ou o laicado, para explicarem como a missão poderia crescer em Portugal nas área que tutelam”. A convicção é que “se os bispos tomarem a sério a missão, a abertura da Igreja portuguesa, também à missão Ad Gentes será mais eficiente”. O debate que o Congresso propõe está em sintonia com as preocupações sobre a missão sentidas noutros países. O Pe. Durães adianta que este debate “é mais rico e está mais avançado noutros países”, citando Itália, Espanha e França apenas como exemplos, “em especial na participação de leigos. Portugal anda a outro ritmo”. O Director das Obras Missionárias Pontifícias expressa que gostaria de ver criado e assumido, em cada diocese, “um secretariado mais dinamizador e consciente para a missão Ad Gentes e para a missão interna”. Programa Dia 3 (Quarta-feira) 17.00 h – Acolhimento – Centro Paulo VI – Fátima (Local de alojamento e distribuição das pastas do Congresso) 20.00 h – Jantar 21.15 h – DVD – “A MISSÃO NO MUNDO” (12 m) 21.30h – Sessão de Abertura do Congresso 21.45h – Conferência: A Missão e as incertezas do mundo contemporâneo Cardeal Patriarca – D. José Policarpo Dia 4 (Quinta-feira) 09.30h Situações Ad Gentes na Igreja em Portugal D. António Couto – Bispo Auxiliar de Braga 11.00h Painel: Testemunhos da missão na Igreja em Portugal (Mundo da mobilidade, exclusão social e transmissão da Fé) 13.00h Almoço 15.00h Espaço aberto para debate 17.00h Portugal: o desafio dos valores – Maria José Nogueira Pinto 19.00h Eucaristia 20.00h Jantar 21.30h Cinefórum (Filme a escolher) Dia 5 (Sexta-feira) 09.30h Os novos caminhos da Missão Ad Gentes – José Ornelas Carvalho 11.00h A Missão no coração da Igreja Local – João Duque 13.00h Almoço 15.00h Painel: Experiências missionárias nas Igrejas Locais (Workshop por Dioceses) 17.00h Debate em Assembleia 19.00h Eucaristia 20.00h Jantar 21.30h A Missão que sonhamos: a partilha de “tesouros” das Igrejas-irmãs D. Lúcio Andrice Muandula – Secretário CEM – Moçambique Dia 6 (Sábado) 09.30h Os novos espaços dos Leigos na Missão Ad Gentes – António Vaz Pinto 11.00h Painel: Experiências de partilha missionária entre as Igrejas 13.00h Almoço 15.00h Momento Multimédia e Laicado Missionário (Feira do Voluntariado) 17.00h Linhas de acção para o futuro da Missão em Portugal D. Manuel Quintas – Presidente Comissão Episcopal Missões 19.00h Eucaristia 20.00h Jantar 21.30h Convívio Missionário (Momento Musical – Banda a escolher ou outro tipo de animação) Dia 7 (Domingo) 9.00h Missão Universal e Igreja Local – D. Jorge Ortiga – Arcebispo de Braga 11.00h Eucaristia no Santuário – Cardeal Patriarca – D. José Policarpo 13.00h Almoço

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