Presidente da conferência episcopal explicou que memorial às vítimas dos abusos sexuais «não é para esquecer»
Lisboa, 14 out 2022 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje que o Congresso Missionário 2022, com o tema ‘Fraternidade sem Fronteiras’, que decorre até sábado, assume as “preocupações do Papa” sobre o “futuro da humanidade.
“O Papa veio saudar este congresso, iniciativa que se reveste nas preocupações de uma grande importância, é isso que está em causa: A realização de um debate inter-religioso fundamental para o futuro da humanidade”, afirmou D. José Ornelas aos jornalistas no congresso, que tem lugar na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.
Os trabalhos começaram com uma mensagem do Papa Francisco, enviada através do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, destacando a importância do diálogo entre religiões, “cada qual com a sua própria voz, mas todos irmãos”, no texto lido pelo padre Manuel Barbosa, secretário da CEP.
Após a leitura da mensagem, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa explicou aos jornalistas que a confiança do Papa nos bispos “é uma coisa comum” e realçou que “é uma expressão da comunhão que o une” e os une a ele em toda a Igreja.
“É o caminho que fazemos juntos, por isso é que se chama Igreja sinodal. Tudo que ele tem reafirmado e reafirma constantemente é precisamente isso, o Papa entende-se a si próprio dentro da comunhão dos bispos e é isso que ele exprime sempre”, desenvolveu.
À pergunta sobre a construção de um monumento às vítimas de abusos sexuais contra crianças na Igreja em Portugal, referido pela Comissão Independente (CI) que está a fazer este estudo, esta terça-feira em conferência de imprensa, o presidente da CEP afirmou que “não é para esquecer”, e que os bispos analisar as “propostas que foram feitas” na próxima Assembleia Plenária, em novembro, para “chegar a um consenso”.
“O que se disse desde o início, primeiro que o memorial das vítimas não é para esquecer. E que aquilo se fez não se esquece, o que sofreram as pessoas e que sofreram, e nunca deviam ter sofrido, não é para esquecer. Se esquecermos caímos de novo nos mesmos erros”, desenvolveu.
Para D. José Ornelas, “o mais importante” é não se distraírem “com coisas que vêm a seguir”, cada uma tem a sua importância e o seu lugar e a seu tempo, mas “agora a importância deve estar no relatório” e deixar que a CI realize o seu trabalho que “está a fazer de uma forma notável”.
“A mim, pessoalmente, motiva-me uma gratidão e apreço, mas que depois vai precisar de ser analisado. E que nos vão ajudar a traçar caminhos de futuro para uma Igreja e para uma sociedade melhor, sobretudo de criação de espaços de crescimento harmónico e em paz e respeito e segurança das nossas crianças”, acrescentou.
Às perguntas dos jornalistas, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse também que não comenta “as declarações do presidente da República”, desta semana sobre a questão dos abusos, e que as “Jornadas Mundiais da Juventude continuam”, e, agora, “intensificam o seu ritmo”, em Lisboa, “a diocese organizadora” em Setúbal, Santarém e nas Forças Armadas e de Segurança, dioceses coorganizadoras, como em “todas as outras dioceses de Portugal” que estão comprometidas, “muito mais ainda a de Leiria-Fátima que será um polo da visita do Papa Francisco”.
A sessão de abertura do Congresso Missionário 2022 contou também com a intervenção do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.
O congresso realiza-se de forma presencial e por transmissão online – através do site http://www.conferenciaepiscopal.pt/congressomissio22 -, mais de 450 pessoas estão inscritas, nesta iniciativa da CEP, da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG) e Obras Missionárias Pontifícias (OMP).
HM/CB/OC