Congo: Bispos lançam apelo à paz perante as agressões contínuas contra civis

Diante das contínuas agressões sofridas pela população civil por obra dos guerrilheiros ugandeses e ruandeses, os Bispos do Kivu, no leste da República Democrática do Congo, lançaram um apelo ao governo de Kinshasa e à comunidade internacional para que reforcem o exército regular, como garantia de segurança.

Os Bispos criticaram também o modo como se realizaram as operações militares conjuntas contra os rebeldes ugandeses do Exército de Resistência (LRA) e os ruandeses das Forças Democráticas de Libertação de Ruanda (FDLR).

Os primeiros, que agem na Província oriental, foram alvo de uma operação conjunta das forças armadas congolesas, ugandeses e sul – sudanesas, os outros, que agem no Kivu norte e sul, foram alvo de uma acção militar ruandesa-congolesa. Essas duas operações, porém, não derrotaram os dois movimentos de guerrilha que, ao contrário, intensificaram as acções de represália contra a população civil congolesa.

Os Bispos criticam também o facto de que as unidades militares que operam no leste do Congo são formadas essencialmente por membros de grupos de rebeldes que aderiram aos acordos de paz.

Com efeito, segundo a imprensa congolesa, esses mesmos grupos armados (que se contrapõem às FDLR) não só não se dissolveram, como continuariam a recrutar jovens. É preciso, portanto, intensificar os esforços do governo de Kinshasa, com a ajuda da comunidade internacional, para reforçar o exército nacional, dotando-o de meios para proteger a população local dos diversos grupos armados que agem na parte oriental do País.

A paz, porém, parece ainda distante e o Congo continua a sofrer os efeitos de guerras estrangeiras transferidas para o território. Enquanto no Kivu estão a ser preparadas duas novas operações, denominadas “Rudia” e “Kimia II”, a declaração do governo ugandês segundo a qual o problema do LRA é já um assunto congolês parece anunciar novas acções militares também na Província Oriental. Uma acção que já obteve o apoio político e diplomático de Paris e dos Estados Unidos.

Um alto dirigente francês, com efeito, declarou que o seu governo não pretende mais financiar os diálogos de paz de Juba (sul do Sudão) entre o governo de Kampala e a liderança do LRA (diálogos que fracassaram depois de muitas promessas vãs) e que Paris está pronta para apoiar uma nova acção militar contra a guerrilha ugandesa.

O Senado dos Estados Unidos, além disso, está a discutir um projecto de lei que pede ao Presidente Obama que apoie uma nova operação militar contra o LRA, que, como disseram, acontecerá em território congolês.

A imprensa local observa que, desse modo, a soberania do Congo é mais uma vez afectada, com a desculpa de caçar os guerrilheiros que não são congoleses. “Estas ocupações de parte do território congolês por parte do exército angolano (no oeste onde há uma disputa de limites entre Luanda e Kinshasa) e ugandês nesses últimos meses não são casuais. Inserem-se no trabalho maquiavélico de enfraquecer sistematicamente a RDC a fim de lhe impor a soberania estrangeira” conclui um artigo do jornal “Le Potential”.

A RD CONGO é o terceiro maior país de África, depois do Sudão e da Argélia, e o mais povoado da África Central. Poderia ser o equilíbrio da região dos Grandes Lagos. Tem hoje o nome de Congo-Kinshasa para não se confundir com a República do Congo.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top