Os confrontos entre muçulmanos e cristão registados nos últimos dias em Kano, na Nigéria, fizeram pelo menos 400 mortos, denunciou hoje a Associação Cristã do país, contestando os números apresentados pelas autoridades nigerianas. “O número de 30 mortos dado pela polícia é muito inferior ao real. Segundo os nossos relatórios, mais de 400 cristãos foram mortos e pelo menos 100 mil fugiram de Kano”, disse Saidu Dogo, o secretário-geral da Associação, a principal organização cristã da Nigéria. Os confrontos registados terça e quarta-feira tiveram início com uma manifestação de protesto de muçulmanos pelo ataque lançado por membros da etnia Tarok, cristãos, no passado dia 2 de MAIO, contra a comunidade muçulmana de Yelma e no qual morreram 630 pessoas. A Nigéria, o mais populoso país de África, com 130 milhões de habitantes, está dividida em duas partes: o norte com 12 Estados que instauraram a lei islâmica e o sul maioritariamente cristão. O presidente da Conferência Episcopal da Nigéria, D. John Olorunfemi Onaiyekan, rejeita, contudo, esta explicação religiosa e assegura que são razões político-económicas as que levaram aos confrontos. “É muito simplista definir estes confrontos como conflitos de religião”, explicou o arcebispo de Abuja. “Como bispos pedimos que se defina o sentido da cidadania nigeriana, de forma que se possa eleger livremente o próprio domicílio”, sublinha o presidente da Conferência Episcopal local.