Confiar nos jovens para aproximar as Igrejas

XI Fórum Ecuménico chegou pela primeira vez ao Sul do Tejo

Responsáveis de quatro Igrejas cristãs em Portugal acreditam que as novas gerações darão um impulso decisivo ao diálogo ecuménico, superando tensões e distâncias que marcaram o passado.

A convicção manifestada por católicos, anglicanos (Igreja Lusitana), metodistas e presbiterianos esteve presente ao longo de todo o XI Fórum Ecuménico Jovem (FEJ) que este ano decorreu no Montijo, chegando assim, pela primeira vez, ao Sul do Tejo, alargando uma dinâmica que ainda tem mais força a Norte.

O Pe. Luís Ferreira, director do Secretariado Diocesano da Pastoral da Juventude de Setúbal, considera que este esforço de aproximar as Igrejas cristãs é um “ponto alto” da vivência eclesial no nosso país.

O tema escolhido para este dia foi o da Reconciliação, abordando diversas vertentes, desde a compreensão do conceito a partir da Bíblia aos novos campos em que um Cristianismo reconciliado pode trabalhar, como a ecologia ou a acção social em espaços degradados – neste caso, surgiu como exemplo o Bairro da Bela Vista.

Ana Fernandes, da Equipa Ecuménica Jovem que organizou o evento, admite a sua surpresa pelo grupo de participantes que foi possível reunir no Montijo, destacando a importância que assume este encontro anual no panorama ecuménico do nosso país. Sobre o tema escolhido, sublinha que a reconciliação terá “mais a ver com o facto de nos conhecermos mais uns aos outros”, promovendo a partilha do que cada um faz.

D. Sifredo Teixeira, Bispo da Igreja Metodista e e Presidente do Conselho Português das Igrejas Cristãs (COPIC) sublinha que nos últimos 10 anos os jovens têm “assumido” a dinâmica do ecumenismo, de uma forma “muito própria”. “Há muita esperança que esta mensagem produza resultados”, assinala.

Simbolicamente, na celebração final do XI FEJ, cantava-se “é possível a esperança”. Com a presidência conjunta de ministros das quatro confissões cristãs, presentes, procuravam-se símbolos comuns, como a Bíblia ou a cruz, para superar as “barreiras que dividem os crentes”.

Para o pastor Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana, esta reconciliação passa por superar a sobreposição da confessional à “identidade em Cristo, que todos nós possuímos num Baptismo comum”.

“Este Fórum Ecuménico Jovem está a ser capaz de criar novas pistas de acção para o futuro”, assegura.

O Pe. Pablo Lima, do Secretariado Nacional da Pastoral Juvenil, da Igreja Católica, defende que a dimensão ecuménica é “transversal a toda a vida da fé”, pelo que não é possível “ignorar” os membros das outras Igrejas cristãs. Para este caminho, confia na “irreverência” e na “alegria” próprias da juventude.

O Bispo da Diocese de Setúbal, D. Gilberto Canavarro Reis, marcou presença no encontro durante os trabalhos da manhã.

Duas novidades marcam a caminhada ecuménica jovem em Portugal: a abertura do site www.ecumenismojovem.org e a gravação de um novo CD ecuménico, pronto até ao fim do ano.

Para Fevereiro de 2010, no Porto, está já calendarizado um momento que irá marcar a caminhada ecuménica no país, o Encontro Ibérico promovido pela Comunidade de Taizé. Um momento que para o Pe. Pablo Lima será uma “oportunidade extraordinária que devemos aproveitar”.

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