Confia!

Padre Manuel Ribeiro, Diocese de Bragança-Miranda

A vida é dom de Deus e só a Ele devemos dar o protagonismo da nossa vida. Por isso, saber dar a Deus o papel e o lápis da minha vida é, a meu ver, o maior desafio das nossas existências. Como fazemos isso? Antes demais, permita-se deixar ajudar e conduzir por Ele. Permitir que Ele faça o desenho da minha vida é permitir que eu seja plenamente feliz e realizado.

Então, basta só deixar? É assim tão simples? Assumo uma atitude passiva? Não. Deixar-se modelar por Deus implica-me fortemente no processo. À medida que Deus vai desenhando e traçando o meu caminho, eu vou, paralela e simultaneamente, descobrindo e resignificando a minha vida. Por outras palavras, vou compreender quem sou, ao que estou destinado a ser e qual é o meu propósito neste mundo e nesta história. Assim, cabe-nos contornar com a caneta as linhas desenhadas e traçadas por Deus.

Eu gosto muito desta ideia e desta imagem. Não somos um rascunho, mas uma obra-prima de Deus que tem por finalidade ser vida e ser beleza na existência de tantos e quantos que se cruzam com a nossa.

É importante recordar que o tempo é pouco e que eu não saberei se estarei cá e, se estiver, não saberei em que condições posso vir a estar. Por isso, urge deixar-nos conduzir por Deus e n’Ele confiar a nossa vida. E vai doer? Vai, porque todo o processo de crescimento e de desenvolvimento é sempre doloroso. Ele obriga-nos a mudar atitudes, a largar hábitos e a dizer não a tanta coisa que me parece boa e agradável. Sim, parece, mas não são. Na verdade, acabamos por reconhecer que isto nos deixa condicionados, escravos. Deus, quando atua em nós, o primeiro objectivo é libertar-nos de nós mesmo, do egoísta e do violento que há em nós. E libertos, Deus redesenha a nossa vida e transforma-nos.

Por isso, o erro não é mau. É bom se dele aprendermos a ser melhores. Se dele aprendermos a encontrar o conhecimento por meio da correcção. E isto é movimento constate. O crescimento e o desenvolvimento pessoal são conceitos dinâmicos que implicam e que nos implicam, simultaneamente.

Confia! E confiar é permitir-se ser feliz. Atenção: ser feliz não é uma ideia. É uma missão! É fazer caminho no caminho de Deus. É seguir os traços desenhados por Deus no meu coração. Ele – o coração – dir-nos-á e ajudar-nos-á neste discernimento. Perceberemos que não há banalidades ou actos ocasionais neste processo. Deus está em tudo e tudo nos fala. Em tudo Ele nos aponta o caminho, o caminho que nos leva à plena realização e à perfeita felicidade. Portanto, resta-nos saber escutar, rezar ao Senhor e confiar a Ele a nossa vida. Aceitas este desafio?

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