Conferências Vicentinas: há mais pedidos de ajuda

Sociedade de São Vicente de Paulo está espalhada por 900 grupos paroquiais em Portugal, onde colaboram 15 mil pessoas

Lisboa, 12 abr 2012 (Ecclesia) – Os pedidos de ajuda à Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) aumentaram 40% no período entre novembro e março face aos cinco meses anteriores, revelou hoje à Agência ECCLESIA o presidente da instituição de solidariedade católica.

As solicitações centram-se na “medicação, rendas de casa, transportes para consultas, alimentação, água, luz e gás”, bem como em dívidas relativas à compra de casa e automóvel por parte de pessoas que ficaram sem emprego, afirmou António Correia Saraiva.

“Estes pedidos despertam em mim uma vontade grande de estar cada vez mais no terreno e junto das pessoas, e mesmo que muitas vezes sejamos impotentes para resolver os casos temos sempre uma palavra de conforto para as pessoas não se isolarem nem entrarem em depressão”, sublinhou.

O presidente da SSVP deixa um apelo ao Governo: “Não se ponham a legislar em questões sociais a partir dos gabinetes. Falem com as pessoas que estão no terreno e têm a sensibilidade para estes casos. Caso contrário as leis não resultam e não respondem às necessidades”.

Os 260 mil euros recebidos esta terça-feira pela instituição, resultantes da campanha de Natal organizada pela Rádio Renascença, “mostram a generosidade do povo português” e “vão ajudar muita gente” mas são insuficiente para todos os pedidos de ajuda, frisou.

O responsável anunciou que o dinheiro “já está todo distribuído” pelos Conselhos Centrais da SSVP, que correspondem às dioceses portuguesas, sem que “um único cêntimo” tenha sido destinado a outros encargos que não o auxílio direto aos carenciados.

“O principal objetivo da Sociedade São Vicente de Paulo é estar junto dos mais necessitados de ordem material e espiritual”, explicou o coordenador dos 900 grupos implantados em paróquias no continente e ilhas, onde colaboram cerca de 15 mil pessoas.

A Paróquia de São Pedro, na Covilhã, de onde António Saraiva é originário, constitui um exemplo das múltiplas atividades e do crescimento dos pedidos de ajuda às Conferências Vicentinas, nome que designa comummente os grupos locais da SSVP.

Em outubro de 2011 eram ajudadas 42 pessoas e hoje são 85, entre distribuição de alimentos e contribuição para o pagamento da renda a dois estudantes de Medicina cujos pais perderam o emprego: “Está a atingir proporções gritantes”, disse.

O trabalho da SSVP, desenvolvido em “grande ligação” com a Cáritas Portuguesa e outras instituições de solidariedade católicas, vai além da ajuda financeira, abrangendo a mediação com credores com vista à renegociação de dívidas, assim como a resolução de problemas sociais de vária ordem.

António Saraiva está preocupado com uma senhora de 82 anos da Paróquia de São Pedro que recebe oxigénio 16 horas por dia e tem dois filhos deficientes mentais: “Quando ela desaparecer não sei o que vai ser deles. Ando a tentar colocá-los numa instituição há quase um ano e ainda não consegui porque não têm rendimentos”.

A Sociedade de São Vicente de Paulo, inspirada no santo francês com o mesmo nome que viveu entre 1581 e 1660, foi fundada em Paris no ano de 1833 por um grupo de estudantes liderados pelo Beato Frédéric Ozanam, tendo chegado a Portugal em 1859, quando foi criada a primeira Conferência, em Lisboa.

RJM

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