Igreja Católica não teme contestação durante a próxima visita do Papa
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) congratula-se com a perspectiva de uma tolerância de ponto concedida pelo governo para todo o país, no próximo dia 13 de Maio, aquando da visita de Bento XVI a Fátima.
Para o secretário da CEP, Pe. Manuel Morujão, o gesto do executivo é um serviço ao povo português, maioritariamente católico.
Os sucessivos casos de pedofilia envolvendo membros do clero não irão, segundo este responsável, desmobilizar os fiéis portugueses para os encontros com o Papa, de 11 a 14 de Maio.
“Confiamos que haja uma atitude de acolhimento, de respeito, porque também é essa atitude com que vem o Papa Bento XVI”, indicou.
Nesse sentido, o sacerdote reafirmou a “confiança no bom senso do povo, na sabedoria popular e que sabe distinguir que nem tudo aquilo que reluz é oiro ou nem tudo aquilo que parece lama o é”.
No início dos trabalhos, o presidente da CEP, D. Jorge Ortiga, admitira que as recentes polémicas exigem da Igreja “coragem” e “verdade”.
O Arcebispo de Braga admitiu que a reunião magna “acontece num ambiente sensível, em que se cruzam perplexidades e aproveitamentos em torno de factos ou denúncias a que os media têm dado ampla cobertura”.
O assunto foi abordado na Terça-feira pelo Conselho Permanente da CEP e continua sobre a mesa dos Bispos.
“Como se tem visto na comunicação social, há muitas suspeitas que passam a denúncias, denúncias que passam a acusações e, às vezes, em condenações em tribunal da opinião pública”, disse o secretário da Conferência Episcopal, o qual acredita que a Igreja sairá “mais purificada” desta crise.
Num encontro com jornalistas, para avaliar os primeiros dias de trabalho da assembleia plenária da CEP, o Pe. Morujão adiantou que a Igreja espera uma colaboração mútua com a comunicação social aquando da visita de Bento XVI.
“Só a comunicação pode levar as pessoas ao encontro com o Papa, para que haja o impacto religioso que se espera”, disse.
Para o secretário da CEP, o Papa é um “profeta das causas humanas e o seu discurso será para todos, principalmente para os católicos”.
Nos trabalhos desta assembleia foram ainda apresentadas informações sobre o andamento do projecto “Repensar a Pastoral da Igreja em Portugal”, que já em Junho deverá apresentar conclusões aos Bispos, durante as Jornadas Episcopais.
“As dioceses não são ilhas separadas mas parte de um mesmo corpo. Há a necessidade de viver em rede, respeitando a identidade e dando dinamismo”, referiu o Pe. Manuel Morujão.
Outro ponto de agenda foi a acção social da Igreja, pelo que esta manhã estiveram presentes em Fátima três organizações católicas, a Cáritas Portuguesa, a Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS) e a Fundação Evangelização e Culturas (FEC).
O Pe. Manuel Morujão aproveitou para acrescentar que o Bispo do Funchal, D. António Carrilho, reconheceu “toda a ajuda prestada à Madeira, através da Cáritas Portuguesa, traduzindo-se em mais de um milhão de Euros que muito ajudará à reconstrução da Ilha”.
“Isto demonstra que a Igreja não é espectadora, mas que se encontra a agir”, concluiu.