1. É missão da Igreja cuidar do homem todo e de todos os homens. O cuidado integral da pessoa exige, para além dos apoios espirituais a dar, a ajuda material de que a pessoa necessita. Dentro deste princípio, compreende-se que a ação pastoral deve supor as ajudas materiais a que a pessoa tem direito. Isto implica a relação permanente entre Pastoral Social e Pastoral da Saúde.
2. O aumento do número de pessoas idosas obriga a uma especial atenção da parte das comunidades cristãs. Há muito que estão votados à solidão, no isolamento das suas casas ou no ambiente por vezes pouco humano de lares e residências espalhados pelo país. Não se pode ficar indiferente a esta situação, devendo promover-se um acompanhamento eficaz que poderá facilitar um envelhecimento ativo.
3. A profunda crise sócio económica, vivida em Portugal nos últimos anos, afeta gravemente a vida e a saúde das populações. Razões diversas tornam mais difícil o acesso aos cuidados de saúde: a distância a que ficam, para alguns, as unidades de saúde, o aumento generalizado das taxas moderadoras, a multiplicação de exames complementares de diagnóstico, as listas de espera e tantas outras coisas que dificultam os cuidados a ter com as pessoas doentes.
4. A Igreja vive um tempo de profunda renovação. Com a eleição do Papa Francisco, neste Ano da Fé e com o 50º aniversário do Vaticano II, a pastoral da Igreja tem o dever de renovar as suas estruturas e, com criatividade, descobrir novas formas de responder aos grandes apelos do mundo. Também a Pastoral da Saúde pode renovar-se, com a descoberta de novas estruturas, novos métodos e novas expressões, de harmonia com o último documento da Conferência Episcopal Portuguesa “Promover a Renovação da Pastoral da Igreja em Portugal”.
É por isto que o 25º. Encontro Nacional da Pastoral da Saúde deve abrir um novo ciclo, uma vez que foi já em 1985 que se iniciou este trabalho, então inovador, e que agora merece novas iniciativas pastorais.
Tendo em consideração todas estas circunstâncias, os participantes deste 25º. Encontro Nacional da Pastoral da Saúde assumem como decisões:
1º. Dar colaboração efetiva a todas as iniciativas lançadas pelo Ministério da Saúde ou por outras instituições, para garantir mais e melhor saúde das populações
– Nas dádivas gratuitas de sangue, apoiando os grupos de dadores, em cada zona do país.
– Na formação das pessoas para proteger crianças e idosos, das condições climatéricas adversas, quer no frio, quer no calor.
– No apoio a todos os programas de prevenção de epidemias, quando lançados pela Direção Geral da Saúde.
2º. Procurar estabelecer relações estruturais entre a Pastoral da Saúde e a Pastoral Familiar, a Pastoral Juvenil e a Pastoral Social, uma vez que, em todas estas áreas, a saúde é um valor a proteger, a promover e a recuperar.
– Na Pastoral Familiar é fundamental apoiar a natalidade, com uma regulação eficaz dos nascimentos, contrariando as quebras violentas que estão a envelhecer o país.
– Na Pastoral Juvenil é indispensável a educação dos comportamentos, sobretudo ao nível de consumos, da alimentação e do exercício da sexualidade.
– Na Pastoral Social, é urgente cuidar do homem todo, o que supõe o apoio na sua vida espiritual, mas também na sua vida física, na sócio-económica, na sua sustentação e meios de desenvolvimento.
3º. Desenvolver sempre mais a presença da Igreja nos hospitais e clínicas, através de um cada vez mais eficaz Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa nos hospitais, com especial atenção:
– À formação dos Assistentes Espirituais e Religiosos
– Ao diálogo ecuménico e cooperação com todas as religiões
– A uma maior consciência de co-responsabilidade eclesial onde médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar, contribuam para um ambiente de acompanhamento humano e espiritual.
– À relação do Serviço de Assistência Religiosa com as Comunidades Paroquiais da zona em que o hospital está implantado.
– À presença dos Capelães Hospitalares nos serviços de humanização e de reflexão ética de cada hospital.
4º. Contribuir para a formação e desenvolvimento do voluntariado social e do voluntariado pastoral que são complementares. Para tal:
– Lançar cursos de formação de base para o acompanhamento das pessoas doentes
– Criar cursos de especialização na “relação de ajuda”
– Introduzir a temática do acompanhamento do doente em fase terminal, através de um compromisso activo e empenhado com os Cuidados Paliativos.
5º. Lançar as bases da profunda renovação da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde e das suas congéneres diocesanas.
Para isso:
– Propor à Comissão Episcopal da Pastoral Social uma solução de continuidade, com novos corpos dirigentes na coordenação nacional.
– Procurar, logo depois, dar novas estruturas, com um Plano de Acção com iniciativas concretas que testemunhem a solicitude da Igreja local por todas as pessoas com doença.
– Garantir as normais relações de trabalho com as instituições com que se trabalhou nos últimos anos.
Em comunhão profunda com Sua Santidade o Papa Francisco, neste tempo de renovação da Igreja e em união com o Bispo de cada Diocese, estes profissionais de saúde e voluntários comprometem-se a colocar a Igreja, presente e atuante, no difícil mundo da saúde.