Conclave: Jornalistas, crentes e não-crentes partilham «enorme expectativa» para a eleição do novo Papa na Praça de São Pedro

Jornalistas portugueses, João Maldonado e Paulo Agostinho, relatam experiências no acompanhamento do processo eleitoral do sucessor de Francisco

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Paulo Rocha enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Roma, 07 mai 2025 (Ecclesia) – A Praça de São Pedro, no Vaticano, aguarda a partir de hoje a saída do fumo branco da chaminé na Capela Sistina, com o início do Conclave, um processo que está a ser acompanhado pela imprensa portuguesa no local.

“[Vive-se] uma enorme expectativa que passa tanto pelos jornalistas, como pelos muitos fiéis que aqui vão chegando e vão também rezando pelo próximo Papa, mas até por muitos turistas e tantos deles não crentes”, afirmou hoje João Maldonado, jornalista da SIC, em declarações à Agência ECCLESIA.

Ao longo dos dias, são muitas as pessoas que têm ido ao encontro de João Maldonado, atraídos pelo microfone na mão e pela carteira profissional de jornalista exposta, colocando diversas questões.

“Quanto tempo vai demorar esta eleição? Quanto tempo vai demorar o Conclave? Se eu já sei quem é que vai ser o próximo Papa? Muitos perguntam-me também onde é que está a chaminé da Capela Sistina”, relata, indicando que há quem procure também a orientação dos jornalistas para perceber a que horas é que surge o fumo.

O repórter dá conta que também entre os jornalistas, que têm passado muito tempo entre conversas, se percebe a “enorme expectativa”.

“É muito interessante também perceber que jornalistas dos mais diversos continentes, dos mais diversos países, todos eles têm também todos as mesmas questões. Isso é extraordinário e acho que também é sinal de uma Igreja claramente mundial e que chega a todos os cantos do mundo, não só a cantos católicos, como também a cantos não católicos”, salienta.

Com 26 anos, João Maldonado faz pela primeira vez a cobertura de um Conclave e descreve experiência profissional como “fantástica”.

“Aqui estou desde o funeral [do Papa Francisco], também, e tem sido extraordinário ver a quantidade, a imensidão de pessoas que aqui está tantas horas à espera de algo que não sabem muito bem o que é que se vai passar e quando é que vai passar”, testemunha.

O jornalista recorda as horas que muitos passaram na fila para ver a urna do Papa Francisco, que vieram a Roma não de propósito para o funeral e que, estando ali em turismo, optaram por aguardar horas para estar “2 ou 3 segundos” diante do pontífice.

“Isso acho que é fantástico e profissionalmente é extraordinário poder assistir e depois também ter esta oportunidade de poder relatar a Portugal tudo o que vou vendo”, refere.

Também Paulo Agostinho, jornalista da Lusa, se encontra a fazer o acompanhamento do Conclave em Roma, olhando para o Papa como o líder da Igreja Católica, mas também como “uma referência da humanidade”.

“Francisco voltou a transformar a Igreja Católica numa espécie de uma referência na discussão diplomática, na discussão da solidariedade global, nas questões da ecologia, e isto é um bocadinho o reflexo disso”, disse, comentando o ambiente que se vive à espera da eleição do Papa.

O jornalista lembra o funeral do Papa Francisco e admite que ficou surpreendido com os milhares de pessoas não-crentes que quiseram deslocar-se ao Vaticano para de despedirem do Papa e que ainda continuam a ir até ao túmulo na Basílica de Santa Maria Maior.

“Mais do que tudo, o Papa Francisco, apesar das críticas de não ter aberto a Igreja conforme deveria, ou conforme alguns setores defendem que deveria ter sido feito, ou abriu demais, na opinião de outros, reconciliou a Igreja com o resto do mundo e, fundamentalmente, com o mundo dos não-crentes”, defende.

Paulo Agostinho destaca que Francisco “deixou só de falar de questões teológicas, questões doutrinárias, e começou a falar a linguagem das pessoas” e “isso acabou por fazer alguma diferença”.

“Nestes dias, o que eu sinto é que as pessoas estão com muita expectativa. Turistas, pessoas que vêm cá só para ver, incluem o Vaticano no seu percurso por Roma, têm sempre uma opinião sobre aquilo que deve ser o futuro Papa, que é alguém que não viole aquilo que é a memória, da imagem que cada um deles tem sobre Francisco”, conta.

Sobre quem será o futuro Papa, o jornalista refere que “há uma tradição de que os nomes que são mais falados em cada momento, um deles acaba por ser escolhido”.

“[Jorge] Bergoglio era um dos nomes falados na mesma altura e quem percebe do assunto diz que foram as congregações gerais que ajudaram a definir o sucessor”, lembra.

Paulo Agostinho salienta também que nunca houve um grupo de eleitores com 133 cardeais, muitos deles nem se conheciam, relançado que “haverá fidelidades geográficas”, “fidelidades doutrinárias” e” uma visão daquilo que deve ser o mundo”.

“Este é o primeiro Conclave em que temos uma percentagem tão grande de pessoas que só apanha já o final, só começa a sua vida eclesial depois do Concílio Vaticano II. Isto faz diferença. A que é que eles estão abertos? Não faço a menor ideia”, expressa.

João Maldonado reconhece que “é muito difícil prever” quem será o próximo Papa e que nem os vaticanistas mais experientes o conseguem fazer.

“Por aquilo que conseguimos, de certa maneira, analisar pelos comunicados que foram sempre saindo pela Sala de Imprensa da Santa Sé, parece que o perfil que os cardeais têm discutido nas congregações gerais, essas reuniões, e foram 12 reuniões formais que reuniram os cardeais, esse perfil parece ser entre o diplomata e o pastor, portanto por aí estará”, aponta.

A Igreja Católica vive a partir de hoje o terceiro Conclave do século XXI, no qual 133 cardeais vão eleger, obrigatoriamente por uma maioria de dois terços, o sucessor de Francisco, falecido a 21 de abril.

PR/LJ/OC

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