Cardeal português afirma que até ao início do Conclave «não é tempo de julgar, de adivinhar ou de lançar sortes»

Cidade do Vaticano, 01 mai 2025 (Ecclesia) – D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, está a participar nas Congregações Gerais preparatórias do Conclave e, numa mensagem enviada à sua diocese, pediu “que rezem por todos os Cardeais”, este “é tempo de rezar, de ter Fé e de ter Esperança”.
“Interrompo este silêncio para me dirigir a cada um de vós, pedindo-vos que rezem por todos os Cardeais. Acima de tudo, para que este tempo que ainda nos separa do início do Conclave não se gaste em especulações, críticas e anseios”, escreve o cardeal português, na mensagem enviada hoje, dia 1 de maio, à Agência ECCLESIA, e publicada online pela Diocese de Setúbal.
D. Américo Aguiar afirma que este “não é tempo de julgar, de adivinhar ou de lançar sortes”, mas é tempo de “rezar, de ter Fé e de ter Esperança”, de viver com paz os dias que separam de aplaudir “com palmas e coração o novo sucessor de Pedro”, por isso, “é tempo de não perder a alegria, aquela que pede a condição de crentes”.
“Contem com a minha oração por todos, todos, todos. Tenho comigo os nossos jovens, idosos e famílias. Os nossos bombeiros, polícias, políticos. Os nossos padres, catequistas e responsáveis de tantos organismos que servem a diocese. Os nossos médicos, auxiliares, professores e trabalhadores de todas as fábricas de Setúbal. Os nossos pobres, os nossos empresários. Todos, todos, todos, estão no coração deste vosso pastor. Conheço as caras e sei o nome de tantos. Essa é a minha maior alegria, ir conhecendo aos poucos um por um.”
O bispo da Diocese de Setúbal lembra também as suas origens, nomeadamente os seus conterrâneos de Leça do Balio, de Matosinhos e da Maia, a Diocese do Porto e o presbitério portucalense, lembrando também “todos, todos, todos os que sonharam, construíram e viveram a JMJ LISBOA 2023, e todos, todos, todos os que se fizeram peregrinos rumo a Portugal, ao Papa Francisco e ao Encontro com Cristo Vivo”. |
A Santa Sé divulgou também, esta quarta-feira, um comunicado a apelar à oração das comunidades católicas de todo o mundo pelos cardeais que, por estes dias, preparam a eleição de um novo Papa.
Mais de 180 cardeais participam nas reuniões de debate pré-conclave, sobre os desafios da Igreja e o perfil do novo Papa, que decorrem no Vaticano, após a morte de Francisco; a cerimónia de entrada no Conclave e o juramento para a eleição do Papa vão decorrer às 16h30 (menos um em Lisboa) de 7 de maio.
O Colégio Cardinalício tem hoje 252 membros, dos quais 133 vão votar no Conclave que se inicia a 7 de maio, entre eles quatro portugueses: D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa; D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima; D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação; e D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, todos criados pelo Papa Francisco.
108 dos cardeais eleitores foram escolhidos pelo Papa Francisco, 21 por Bento XVI e 4 por São João Paulo II.
O Papa Francisco faleceu aos 88 anos de idade, após mais de 12 anos de pontificado, no dia 21 de abril, na sequência de um AVC, na Casa de Santa Marta, no Vaticano; a “Missa exequial pelo Romano Pontífice Francisco” realizou-se na manhã de sábado, 26 de abril, na Praça de São Pedro, ficando sepultado na Basílica de Santa Maria Maior.
“Apesar de tudo o que se diz, vê e escreve, nada nos prepara para participar no funeral de um Papa, do nosso Papa, nem para os trabalhos preparatórios de um Conclave. As emoções foram e são muitas. Vão desde a tristeza de uma partida anunciada, mas nunca desejada, ao sentimento de vazio e de saudade. Vão desde a alegria dos encontros e reencontros, à surpresa da beleza e da consolação”, partilha o cardeal D. Américo Aguiar, na mensagem ‘De Roma, em vésperas do início do Conclave’.
“Lágrimas, sorrisos, abraços e vazios. Têm sido dias muito intensos que me exigem um silêncio e uma solidão que não se configuram à minha natureza, mas que, de alguma forma, trazem sentido aos dias que se aproximam”, acrescenta o bispos sadino, que destaca também a “beleza da última morada na terra” do Papa Francisco e a “consolação de falar com os pobres de Roma, que perderam um Amigo”.
No Vaticano as Missas em sufrágio pelo falecido Papa, durante os nove dias de luto que se prolongam até 4 de maio.
OC/CB