Conclave 2025: Quatro cardeais portugueses votam pela primeira vez

10 representantes do país participaram em eleições pontifícias, entre 1903-2013

Foto: Vatican Media

Lisboa, 28 abr 2025 (Ecclesia) – D. Manuel Clemente, D. António Marto, D. José Tolentino Mendonça e D. Américo Aguiar vão participar pela primeira vez no Conclave, a 7 de maio, elevando para 14 o número de cardeais portugueses a participar em eleições pontifícias desde 1903.

Em 2013, D. Manuel Monteiro de Castro, atualmente penitenciário-mor emérito, teve a companhia de D. José Policarpo, então cardeal-patriarca de Lisboa como um dos 115 eleitores de Francisco.

O anterior Conclave, em 2005, contou igualmente com dois portugueses, pela presença de D. José Saraiva Martins, na altura prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e hoje com mais de 80 anos e o já falecido D. José Policarpo.

Antes, tinha sido D. António Ribeiro (1928-1978), patriarca de Lisboa, a participar nos dois conclaves de 1978 (agosto e outubro), para as eleições de João Paulo I e João Paulo II, acompanhado pelo cardeal luso-americano D. Humberto Sousa Medeiros (1915-1983), arcebispo de Boston.

D. Manuel Gonçalves Cerejeira (1888-1977), cardeal-patriarca da capital portuguesa entre 1929 e 1971, participou nas eleições de Pio XII (1939), João XXIII (1958) e Paulo VI (1963).

O conclave de 1963 contou também com a presença de D. José da Costa Nunes (1880-1976), vice-camerlengo da Santa Sé, antigo arcebispo de Goa e Damão, com o título de Patriarca das Índias Orientais.

Em 1958, o outro cardeal português presente era D. Teodósio Clemente de Gouveia (1889-1962), arcebispo da então Lourenço Marques (atual Maputo), Moçambique.

D. António Mendes Bello (1842-1929), patriarca de Lisboa, foi um dos eleitores de Bento XV (1914) e Pio XI (1922).

O seu antecessor, D. José Sebastião Neto (1841-1920), esteve no primeiro Conclave do século XX, para a eleição de Pio X (1903) e, já após ter resignado, no de 1914.

A última eleição pontifícia sem a presença de um português ocorreu em 1846, dado que D. Guilherme Henriques de Carvalho foi criado cardeal por Gregório XVI, mas a morte do Papa fez com que a distinção apenas fosse formalmente atribuída pelo seu sucessor, Pio IX.

O primeiro cardeal luso a ter marcado presença numa eleição pontifícia foi D. Paio Galvão, natural de Guimarães: em 1216 (Honório III) e 1227 (Gregório IX).

O Conclave, palavra com origem no latim ‘cum clavis’ (fechado à chave), pode ser definido como o lugar onde os cardeais se reúnem em clausura para eleição do Papa.

OC

 

D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa, foi criado cardeal 14 de fevereiro de 2015, pelo Papa Francisco, que acolheu na JMJ 2023

A biografia oficial divulgada pelo Vaticano, nessa data, sublinhava a “presença ativa” do cardeal-patriarca na ação da Igreja Católica nas duas maiores cidades portuguesas, recordando a sua missão como bispo do Porto.

Para além das principais datas da vida do cardeal, nascido a 16 de julho de 1948, a Santa Sé assinalava o trabalho na área da História Religiosa e a colaboração com vários meios de comunicação social, incluindo o programa ECCLESIA (RTP2). “Pelo seu compromisso cívico em defesa do diálogo e da tolerância e contra a exclusão social, recebeu distinções e reconhecimentos, entre os quais o Prémio Pessoa de 2009 e a grã-cruz da Ordem de Cristo (2010)”.

 

D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima, foi criado cardeal pelo Papa Francisco a 28 de junho de 2018.

António Augusto dos Santos Marto nasceu a 5 de maio de 1947, em Tronco, Concelho de Chaves, Diocese de Vila Real; foi ordenado padre em Roma, em 1971 e a 10 de novembro de 2000 foi nomeado bispo auxiliar de Braga, pelo Papa João Paulo II, tendo passado pela Diocese de Viseu antes de ser escolhido por Bento XVI, em 2006, como bispo de Leiria-Fátima, onde o acolheu, na visita oficial de 2010, bem como ao Papa Francisco, em 2017.

 

D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação nasceu em Machico (Diocese do Funchal) em 1965 e foi ordenado padre em 1990 e bispo a 28 de julho de 2018; é doutorado em Teologia Bíblica, tendo desempenhado, entre outras funções, os cargos de reitor do Colégio Pontifício Português, em Roma, de diretor da Faculdade de Teologia da UCP e diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

Foi criado cardeal pelo Papa Francisco, a 5 de outubro de 2019.

Biblista, investigador, poeta e ensaísta, Tolentino Mendonça foi condecorado com o grau de Comendador da Ordem de Sant’lago da Espada por Aníbal Cavaco Silva, presidente da República, em 2015.

 

D. Américo Aguiar, natural da Diocese do Porto, nasceu a 12 de dezembro de 1973 e foi ordenado sacerdote em 2001; foi presidente das empresas do Grupo Renascença Multimédia, tendo sido nomeado bispo auxiliar de Lisboa pelo Papa Francisco, a 1 de março de 2019.

Foi ordenado bispo a 31 de março de 2019, numa cerimónia que decorreu na Igreja da Trindade, Porto, sob a presidência do então patriarca de Lisboa, cardeal D. Manuel Clemente.

Presidiu à Fundação JMJ Lisboa 2023 e foi nomeado bispo de Setúbal, a 21 de setembro desse ano; a criação cardinalícia aconteceu no conclave de 30 de setembro de 2023.

 

Igreja: Os cardeais portugueses na história (elenco)

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