Dimensões da escuta e da sinodalidade são apontadas como essenciais, pelo reitor do Seminário Maior de Coimbra
Coimbra, 08 mai 2025 (Ecclesia) – O padre Nuno Santos, reitor do Seminário Maior de Coimbra, disse que os 133 cardeais reunidos em conclave vão eleger “apenas um homem”, apesar da dimensão da tarefa que lhe vai ser confiada, desejando que “respire com os dois pulmões, centrado na Igreja e no mundo”.
“Nós gostaríamos de ter uma pessoa que respondesse a toda uma estrutura, dificuldades e problemas, sobre a dimensão mais interna da Igreja e as relações das nossas estruturas, e depois também a capacidade de dialogar com o mundo, numa vertente externa, mas vamos ter apenas um homem”, reconheceu o também professor da Universidade Católica Portuguesa e membro do Conselho Presbiteral da Diocese de Coimbra.
O responsável assinala o espírito de “missão e serviço”, a par da “dimensão espiritual” que importa que o líder da Igreja Católica tenha.
Num tempo em que o mundo se apresenta “polarizado” e “fragmentado”, o futuro líder da Igreja católica mais do que apresentar-se como “uma potência” importa que construa pontes.
“O Papa vai encontrar um mundo cheio de mutações sociais, económicas, políticas, espirituais, mas também um mundo com vontade e com desejo e com esperança de encontrar na Igreja. Gostava que essa presença do próximo Papa reforçasse o mais essencial que é levar a esperança e a misericórdia ao mundo, e ajudasse a perceber como é que se pode levar a todos, de dentro e de fora, o entusiasmo e a fé, os valores, princípios, possibilidades de construção do mundo”, aponta.
Se algum Papa ficasse exclusivamente centrado ou dentro da Igreja ou exclusivamente centrado fora da Igreja, diria que estaria sempre a respirar com apenas um pulmão ou estaria apenas a optar por uma dimensão. Um Papa ou uma Igreja que feche as portas com medo do exterior, dos outros, não está a cumprir a sua missão. Uma Igreja que não encarna o mundo não é Evangelho. Uma Igreja e um Papa que não seja capaz de dialogar com crentes e com não-crentes não está a cumprir o mandato de Cristo”.

O padre Nuno Santos reconhece que “cada Papa” responde a um “tempo, contexto e circunstância concreta” e “procura dar o melhor de si”.
“Humanizar a sociedade”, “dar sentido maior à vida”, mas que seja também “alguém muito enraizado nessa identidade clara e evidente que é o Evangelho” para poder fazer “a diferença no mundo”, com uma “dimensão pastoral muito presente”, são características apontadas pelo reitor do Seminário de Coimbra.
Neste caminho, a “escuta” é essencial para “dar respostas concretas e ajustadas a cada circunstância”.
“A sinodalidade tem essa dimensão interna e externa, de análise para dentro e nós precisamos de continuar a renovar, mas também apontar a esta relação com o mundo. Eu diria que necessitamos de um Papa que seja não apenas mais uma potência, mas que seja o construtor de pontes, reforce alianças”, afirma.
A conversa com o padre Nuno Santos vai estar no centro do programa ECCLESIA, emitido na Antena 1, no sábado pelas 06h00.
LS/OC