Conclave 2025: «Não estamos à espera de uma réplica de Francisco e essa diferença poderá trazer novidades» – Padre Tony Neves

Missionário português «gostaria bem que o futuro Papa viesse» das chamadas Igrejas emergentes

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Paulo Rocha enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Roma, 07 mai 2025 (Ecclesia) – O padre Tony Neves, conselheiro geral dos Missionários Espiritanos, em Roma, partilhou o “misto de sentimentos” que se vive pelo início do Conclave que vai eleger o novo Papa, considerando que cardeais têm uma “missão difícil, mas fundamental”.

“Estes 133 vão ter a missão difícil, mas fundamental de escolher o futuro Papa, por isso, ouvimos tudo: Gente que acha que os cardeais estão a ser inspirados para poderem tomar grandes decisões e escolher bem, outros que têm muito medo que as escolhas não sejam aquelas que as pessoas estão à espera”, disse à Agência ECCLESIA.

A Igreja Católica vive a partir de hoje o terceiro Conclave do século XXI, no qual 133 cardeais vão eleger, obrigatoriamente por uma maioria de dois terços, o sucessor de Francisco, falecido a 21 de abril.

O padre Tony Neves, Missionário do Espírito Santo (Espiritanos) ao serviço da sua congregação há vários anos, em Roma, destaca que na capital italiana continuam “a ter um misto de sentimentos”, por um lado continuam “a olhar para trás” e a ver a “figura notável” de Francisco, que deixou “um legado muito difícil de dar continuidade”,

“Por isso, há sempre esta tristeza evocada por muita gente, que gostaria de ver o Papa Francisco ainda mais algum tempo à frente da Igreja, a animá-la, a liderá-la, a falar ao mundo, a renovar. A completar reformas que iniciou, mas que estão muito longe de estarem terminadas”, acrescentou sobre o Papa argentino que faleceu aos 88 anos, enquanto os outros sentimentos são “de expectativa e de esperança”.

“Eu quero crer que a continuidade vai acontecer, mas não estamos à espera de uma réplica de Francisco, será alguém diferente e essa diferença poderá trazer novidades”, realçou o padre Tony Neves.

Foto Agência ECCLESIA

O missionário português, doutorado em Ciência Política, observa que a partida do Papa Francisco deixou “um vazio que é importante que seja preenchido”, porque, na sua opinião, “era uma das raras, se não a única referência moral do mundo”, e quer acreditar que o Papa que vai ser eleito “seja essa pessoa que continua a ser uma referência moral”, que seja “uma figura grande a iluminar, a inspirar e a ajudar a tomar decisões que façam a humanidade avançar”.

“O ideal era que o mundo tivesse muitas referências morais, mas, infelizmente, quando a gente olha à volta encontra mais duas ou três pessoas; o mundo precisa de todos estes dossiês da paz e da guerra, da justiça e da injustiça, dos direitos humanos e da sua violação, de uma economia que mata ou de uma economia que dá vida, que têm que continuar a ser aprofundadas, e há decisões políticas, económicas, sociais, culturais que têm que continuar a ser tomadas”, desenvolveu.

O padre Tony Neves é o correspondente do Conselho Geral dos Missionários Espiritanos para países em África, na América Latina e na Península Ibérica, e considera que “há muito de injustiça” quando, neste momento, se diz que “as Igrejas da África, da América Latina e da Ásia são emergentes” porque são as “Igrejas vivas, dinâmicas, cheia de gente, a crescer”.

A Igreja Católica nesses continentes, acrescenta, dão “um testemunho de Evangelho muito forte, a criar dinâmicas de solidariedade sem fronteiras extraordinárias”, ao contrário das Igrejas europeias e do norte da América que “estão bastante paradas, estão bastante envelhecidas”.

“Essas que nós chamamos de emergentes são hoje as Igrejas mais fortes e não me repugna nada, pelo contrário, gostaria bem que o futuro Papa daí viesse, precisamente para que o Papa também correspondesse a uma dinâmica da Igreja e que respondesse ao hoje da Igreja e que ajudasse, obviamente, a construir a Igreja de hoje e a animar a Igreja da amanhã”, acrescentou o padre Tony Neves, missionário português em Roma.

PR/CB/OC

Vaticano: Igreja vive terceiro Conclave do século XXI

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