Arcebispo brasileiro evocou experiência da eleição, sublinhando internacionalização do Colégio Cardinalício

Fátima, 12 mai 2025 (Ecclesia) – O cardeal Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), disse hoje em Fátima que o Papa Leão XIV escolheu um nome que “sintetiza” a vida da Igreja.
“A Igreja é como um comboio. Ela caminha sobre dois trilhos: de um lado, a Cristologia, o Evangelho, se quisermos. Do outro lado, o outro trilho, a realidade atual, o contexto atual. Então, nesse sentido, a escolha do nome me parece que sintetiza, de uma forma toda especial, aquilo que é a vida da Igreja”, referiu aos jornalistas, na conferência de imprensa de apresentação da peregrinação internacional aniversária do 13 de maio.
O cardeal brasileiro relatou que, quando se chegou aos 89 votos, os dois terços necessários para a eleição, os presentes começaram a bater palmas, de pé, com o novo Papa ainda sentado, num momento “impressionante”.
O presidente da peregrinação do 13 de maio entende que o nome escolhido pelo novo Papa é “muito significativo”, com referência a Leão XIII, pontífice entre 1878 e 1903, que sistematizou a doutrina social da Igreja com a sua encíclica ‘Rerum Novarum’ (1891), sobre o trabalho.
O responsável católico participou, a 7e 8 de maio, no Conclave que elegeu o novo Papa, destacando a internacionalização do Colégio Cardinalício, com representantes de 70 países, muitos deles vindos de “contextos difíceis”.
“A Igreja Católica não é mais a Itália, não é mais a Europa. Nesse sentido, o Papa Francisco buscou, ao longo do seu ministério, caracterizar todas as regiões onde o catolicismo está presente”, declarou D. Jaime Spengler aos jornalistas.
O arcebispo de Porto Alegre sublinhou que as reuniões (congregações) gerais pré-conclave, realizadas após a morte do anterior pontífice, foram “dias de um exercício de paciência enorme”.
Os encontros, acrescentou, ofereceram a todos uma maior “compreensão daquilo que é a Igreja no mundo”, com a sua diversidade e os seus problemas.
“Vivemos aqueles dias de uma forma muito intensa”, assumiu, evocando a emoção na procissão de entrada na Capela Sistina, onde viu “gente com lágrimas”.
Segundo o cardeal brasileiro, a votação decorreu “num ambiente de silêncio e de recolhimento impressionantes”, falando numa “grande diferença” face ao que foi relatado na imprensa, a respeito do Conclave.
O também presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) evocou a experiência missionária do novo Papa, primeiro como religioso Agostiniano e depois como bispo de Chiclayo, sempre no Peru, uma “realidade latino-americana marcada por situações complexas”.
Leão XIV, descendente de migrantes nos EUA, onde nasceu, foi ainda superior geral da Ordem de Santo Agostinho, entre 2001 e 2013, uma missão em que conheceu “o mundo inteiro, praticamente”.
“Haja liberdade no interior de um homem destes, haja disponibilidade”, afirmou.
O cardeal brasileiro vê no novo Papa um homem pronto “para o que der vier”, porque “gosta do que é e ama o que faz”.
O cardeal Robert Francis Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, foi eleito na última quinta-feira como Papa, após dois dias de Conclave, assumindo o nome de Leão XIV.
OC