Diretora do secretariado português descreve «ambiente extraordinário», com «muita emoção», em Roma, onde se encontram mais de mil benfeitores da organização

Paulo Rocha, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Lisboa, 07 mai 2025 (Ecclesia) – A diretora do secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Catarina Martins Bettencourt, afirmou hoje, em Roma, que a organização deseja que o futuro Papa dê continuidade à abertura da Igreja, concretizada por Francisco.
“O que nós esperamos, neste momento, é que seja um Papa que possa continuar também na linha do Papa Francisco, de continuar a abrir a Igreja e de estar próximo das pessoas, de lembrar todas estas pessoas que estão nas periferias, estes migrantes, os refugiados”, afirmou a responsável, em declarações à Agência ECCLESIA.
Mais de mil benfeitores da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, oriundos de 23 países, iniciaram hoje a peregrinação a Roma (Itália), no âmbito do Ano Santo 2025, que coincide com o dia do arranque do Conclave.
Em Roma vive-se um “ambiente extraordinário”, com “muita emoção”, assinala Catarina Martins Bettencourt, que recorda a Missa pela eleição do novo Papa esta manhã, na Basílica de São Pedro, que considera ter sido “muito emotiva”.
“Estamos de facto todos muito emocionados com esta vinda a Roma e com este encontro todo, de todas estas pessoas, de todo o mundo”, descreveu.
Sobre o motivo que levou a Fundação AIS a Roma, Catarina Martins Bettencourt dá conta que a reunião internacional é um pouco diferente do habitual, uma vez que é uma peregrinação que junta mais de mil benfeitores, de todo o mundo.
“Vamos estar a rezar pelos mártires dos nossos dias, com vários testemunhos de pessoas de vários países que passam por estas dificuldades de demonstrar a sua fé”, indicou.
Num testemunho partilhado pela Fundação AIS, o cardeal Mauro Piacenza, presidente da AIS, refere que o “lema proposto, ‘Peregrinos da Esperança’” para este Jubileu “tem uma conotação especial” para a “fundação pontifícia, porque é a razão de ser do trabalho” que esta faz: “levar esperança aos lugares onde Deus chora”.
“Onde a Igreja sofre perseguição, onde é mais necessitada, os projetos da AIS são a carícia de Deus para os nossos irmãos e irmãs”, destacou.
Segundo o cardeal, esta peregrinação é uma forma concreta de se viver o Ano Santo juntamente com a Igreja que sofre, em honra dos cristãos que hoje continuam a dar a vida na fidelidade a Jesus Cristo.
Regina Lynch, presidente executiva da AIS Internacional, recorda que, tal como para o Papa Francisco, também para a organização a esperança tem sido um “tema central”.
“Através de mais de 5 mil projetos por ano em 130 países, a nossa missão é levar conforto através da nossa oração e ajuda material, mas também esperança aos cristãos perseguidos, aos cristãos discriminados e às comunidades cristãs em extrema necessidade”, reforça.
No âmbito da peregrinação, inicialmente estava programada uma audiência privada com o Papa e outros eventos, que foram cancelados ou modificados devido ao início do conclave para a eleição de um novo pontífice.
A AIS mostra-se grata pelo apreço do Papa Francisco pela missão da organização: “Sabemos o quanto o Papa apreciou os esforços dos nossos benfeitores para apoiar a Igreja em necessidade”, expressa Regina Lynch.
“Rezar junto ao seu túmulo dar-nos-á força para renovar a nossa missão. Como fundação pontifícia, rezaremos também para nos colocarmos à disposição do futuro Santo Padre, como temos feito desde o início do nosso trabalho”, testemunha.
Entre os momentos da peregrinação, destaca-se um encontro na Basílica de São João de Latrão, no qual vão ser partilhados testemunhos em primeira-mão de pessoas oriundas das regiões mais afetadas pela violência e pela perseguição religiosa.
No grupo de oradores estão o padre Bohdan Heleta, um sacerdote ucraniano que vai dar o testemunho do seu cativeiro no contexto da guerra na Ucrânia, e o padre Olivier Niampa, da Diocese de Dori, no Burquina Fasso, que vai relatar como os cristãos sobrevivem e mantêm a sua fé numa região sitiada pelo terrorismo. Representantes da Síria e do Líbano também vão partilhar a realidade dos seus países e a resiliência espiritual dos cristãos no Médio Oriente. Já no dia 09 de maio, os benfeitores da FAIS vão participar num evento dedicado à memória dos muitos cristãos que, ainda hoje, sofrem perseguições e dão a vida pela fé. “A figura do mártir encarna o testemunho mais convincente da esperança cristã”, lembra o cardeal Piacenza. Sobre o rito de atravessar a Porta Santa, o presidente da AIS olha para este não apenas como um ato mágico, mas um gesto “que implica meditação, oração e conversão”. Os peregrinos vão passar pela Porta Santa da Basílica de Santa Maria Maggiore, com o acompanhamento de uma oração. “Tocar essa porta com a nossa mão constituirá um ato de amor com o qual poderemos atravessar o limiar da nossa própria vida renovada pela graça com maior confiança e esperança”, salienta o cardeal. |
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