D. José Ornelas considera que não há «um perfil só de uma pessoa» para o novo Papa

Fátima, 01 mai 2025 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje que não acha “que haja um perfil só de uma pessoa” para o próximo Papa e destacou que a diversidade de nacionalidades dos cardeais “é uma coisa muito rica”.
“Conheço muitos dos cardeais que estão lá, temos outro sínodo, e não acho que haja um perfil só de uma pessoa, que se possa fazer um perfil já indicado para uma pessoa. Temáticas, certamente, que se discutem, pelo menos daqueles que participaram do sínodo”, disse D. José Ornelas, aos jornalistas, na conferência de imprensa da 211.ª Assembleia Plenária da CEP, esta quinta-feira, no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa lembrou que estão a decorrer as congregações gerais entre os cardeais, onde respirar-se-á um ambiente que não conhece e, por isso, não faz “conjeturas sobre coisas” que não conhece.
“Os Papas recentes fizeram-se também com a experiência que foram fazendo dentro da Igreja. Uma pessoa pode ter uma perspetiva, mas quando assume uma função, a mesma função forma”, acrescentou.
Mais de 180 cardeais participam nas reuniões de debate pré-conclave, sobre os desafios da Igreja e o perfil do novo Papa, que decorrem no Vaticano, após a morte de Francisco; a cerimónia de entrada no Conclave e o juramento para a eleição do Papa vão decorrer às 16h30 (menos um em Lisboa) de 7 de maio.
Neste Conclave, a Europa representa 38% do total, com 51 eleitores (alguns dos quais com responsabilidades eclesiais noutros continentes), a América com 37, a Ásia com 23, África com 18 e a Oceânia com 4: os países com mais cardeais no Conclave, entre as 71 nações presentes (49, em 2013) são Itália (17 cardeais), EUA (10), Brasil (7), França (5), Argentina, Canadá, Espanha, Índia, Polónia e Portugal (4 cada), num total de 63 cardeais (47% do total).
“As nacionalidades é uma coisa muito rica. Participar, por exemplo, no sínodo, com cardeais, bispos, padres, leigos, e leigas, religiosos e religiosas de todo o mundo, é uma riqueza de mundo natural. E aprende-se muito, muito, muito, aprende-se também a valorizar não só as nossas verdades, mas as verdades que têm os outros”, salientou D. José Ornelas.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa exemplificou que esse “é o método sinodal”, pessoas à volta de uma mesa, numa “diversidade de nações e de condições e de funções dentro da Igreja”, e exemplificou da sua experiência no sínodo a presença dos “cardeais que trabalham no Vaticano, bispos católicos, um bispo também observador de uma outra Igreja não católica, um sem-teto, e religiosos e religiosos”, “são experiências de Igreja são totalmente diferentes”.
“A sinodaldiade não significa que todos agarramos todos à mesma camisola, e vamos para a rua assim todos alinhadinhos, para dizermos uma coisa”, indicou, observando sobre o processo sinodal “que não há retorno”, o caminho que a Igreja faz há quase quatro anos empenhou desde as bases da Igreja, “em cada paróquia, pelo mundo inteiro” e a maioria das pessoas, dos que participaram, “participaram ativamente e com gosto e com esperança”.
“A questão da liderança é muito importante, mas a cultura de sinodalidade, mesmo que fosse alguém mais ou menos entusiasta da causa, depois, temos uma Igreja que está a caminhar”, referiu. D. José Ornelas assinalou que as diferenças de país para país, de cultura para cultura, “hoje não é só determinada geograficamente”, porque a cada cinco anos “a cultura está mudando”, atualmente, das coisas que “impressionam” vêm dos Estados Unidos da América, que “baralhou” e “também as respostas têm de ser novas”. “E quem pensa diferente, quem quer um mundo diferente e não quer embarcar nessas avarias todas, não pode ficar calado, dizer a verdade, nem a Igreja, nem ninguém, acho que de boa consciência hoje se pode calar; para mantermos a seriedade e a honestidade devida, não podemos calar”, acrescentou o presidente da CEP. |
“Em tempo de Sede Vacante, aguardando serenamente a eleição de um novo Pontífice, a Assembleia manifesta a sua comunhão orante com o Colégio Cardinalício, especialmente com os Cardeais eleitores que a partir do próximo dia 7 de maio entram em Conclave para eleger o novo sucessor de Pedro, e apela a todos os fiéis que rezem por esta intenção”, referem os bispos no Comunicado Final da Assembleia Plenária, que hoje terminou, em Fátima.
O Colégio Cardinalício tem hoje 252 membros, dos quais 133 vão votar no Conclave que se inicia a 7 de maio, entre eles quatro portugueses: D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa; D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima; D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação; e D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, todos criados pelo Papa Francisco.
OC/CB/PR