Conclave 2025: D. António Marto e D. Manuel Clemente admitem «surpresas»

Cardeais celebraram Missa na igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma

Foto: Lusa/EPA

Roma, 04 mai 2025 (Ecclesia) – Os cardeais portugueses D. António Marto e D. Manuel Clemente referiram hoje, em declarações à Renascença, que o próximo Conclave pode trazer “surpresas”.

“Não podemos excluir que haja surpresas”, disse D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima, no final de uma Missa celebrada na igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma.

Questionado sobre a forma como têm corrido as várias reuniões entre os cardeais, na contagem decrescente para o Conclave, o responsável destacou a “frontalidade” na partilha de sensibilidades, que, contudo, não deverá ser sinal de divisões no colégio.

No Conclave que se inicia na tarde de 7 de maio, vão estar presentes quatro eleitores portugueses: D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa; D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima; D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação; e D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, todos criados pelo Papa Francisco, elevando para 14 o número de cardeais portugueses a participar em eleições pontifícias desde 1903.

D. António Marto considera que existe “a perspetiva de uma continuidade da linha e do pontificado de Francisco” e que isso tem estado presente na “maioria das intervenções”, que destacaram a “necessidade de não voltar atrás”.

O bispo emérito de Leiria-Fátima realçou que nos pontificados “não há clones, nem fotocópias”.

“Não vamos agora pensar que vai ser outro Francisco. Não há substituição de um Francisco, mas há sucessores que concedam o seu carisma, o seu talento, o seu modo de ser e de estar”, acrescentou, em declarações divulgada pela emissora católica portuguesa.

A Igreja e o mundo deixaram de ser eurocêntricos. O eixo económico-financeiro – e não sei se, porventura cultural – está a passar para a Ásia”.

O bispo emérito de Leiria-Fátima acredita numa eleição breve, descartando cenários de divisão profunda no seio do Colégio Cardinalício.

Já D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa, afirmou que “o fator de surpresa, às vezes, é muito forte”.

O responsável também apresentou a Ásia como o “continente do futuro”, recordando que a China e a Índia representam, juntas, cerca de um terço da população mundial.

O patriarca emérito de Lisboa admite que “alguns colegas cardeais da Ásia” poderiam ser um bom Papa.

“Este vai ser, muito especialmente, o Conclave do Papa Francisco, porque a grande maioria [dos cardeais] foi escolhida por ele… e muito bem… ele sabia quem queria”, sublinha o patriarca emérito.

108 dos cardeais que vão entrar no Conclave foram escolhidos pelo Papa Francisco, 20 por Bento XVI e 5 por São João Paulo II.

D. Manuel Clemente indicou que as reuniões gerais têm sido “uma experiência muito enriquecedora”, que vai “convergindo numa silhueta, num perfil, que continue esta atitude pastoral, no sentido mais preenchido, do Papa Francisco”.

“O resto é surpresa”, concluiu.

As reuniões pré-conclave vão prosseguir esta segunda-feira, com duas congregações gerais, às 09h00 e às 17h00 de Roma (menos uma em Lisboa).

Já na terça-feira à noite, os 133 eleitores podem começar a instalar-se na Casa de Santa Marta, onde vão permanecer até à escolha do novo Papa.

A Missa pela eleição do Papa (pro eligendo Romano Pontifice) vai ser presidida pelo decano do Colégio Cardinalício, D. Giovanni Battista Re, às 10h00 de quarta-feira, na Basílica de São Pedro; já a cerimónia de entrada no Conclave e o juramento para a eleição do Papa vão decorrer às 16h30.

OC

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