Conclave 2025: Cardeais na Capela Sistina para iniciar eleição

Procissão e juramento antecedem primeiro escrutínio, em processo que decorre à porta fechada

Cidade do Vaticano, 07 mai 2025 (Ecclesia) – Os cardeais que vão escolher o próximo Papa entram esta tarde na Capela Sistina, onde decorre o Conclave, à porta fechada, até encontrarem um consenso por maioria de dois terços dos votos.

A procissão parte da Capela Paulina do Palácio Apostólico, com os 133 cardeais eleitores, acompanhados pelo canto das ladainhas, até à Capela Sistina, onde, depois do canto do ‘Veni Creator’ pronunciam o juramento antes da eleição.

Participam na procissão, também, o vice-camerlengo (o arcebispo brasileiro D. Ilson de Jesus Montanari), o auditor geral da Câmara Apostólica e dois membros de cada um dos Colégios dos protonotários apostólicos, dos prelados auditores da Rota Romana e dos prelados clérigos de Câmara.

O primeiro dos cardeais por ordem e por antiguidade [D. Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano] pronuncia a seguinte fórmula: “Todos nós, cardeais eleitores presentes nesta eleição do Sumo Pontífice, prometemos, obrigamo-nos e juramos observar fiel e escrupulosamente todas as prescrições contidas na Constituição Apostólica do Sumo Pontífice João Paulo II, Universi Dominici Gregis, promulgada em 22 de fevereiro de 1996, e as alterações que lhe foram introduzidas pelo Motu Proprio Normas nonnullas do Sumo Pontífice Bento XVI, de 22 de fevereiro de 2013”.

“Da mesma forma, prometemos, obrigamo-nos e juramos que qualquer um de nós, por disposição divina, eleito Romano Pontífice, comprometer-se-á a desempenhar fielmente o munus petrinum de pastor da Igreja universal e não deixará de afirmar e defender vigorosamente os direitos espirituais e temporais, bem como a liberdade da Santa Sé”, acrescenta.

Acima de tudo, prometemos e juramos observar com a máxima fidelidade e com todos, tanto clérigos como leigos, o segredo sobre tudo o que, de qualquer forma, diga respeito à eleição do Romano Pontífice e sobre o que acontecer no local da eleição, que diga respeito direta ou indiretamente ao escrutínio; não violar de forma alguma este segredo, tanto durante como após a eleição do novo Pontífice, a menos que tenha sido concedida autorização expressa pelo próprio Pontífice; nunca apoiar ou favorecer qualquer interferência, oposição ou qualquer outra forma de intervenção com que autoridades seculares de qualquer ordem e grau, ou qualquer grupo de pessoas ou indivíduos, pretendam interferir na eleição do Romano Pontífice”.

Em seguida, os cardeais eleitores, segundo a ordem de precedência, prestam o juramento individualmente, com a seguinte fórmula, colocando a mão sobre o Evangelho: “E eu, N., Cardeal N., prometo, obrigo-me e juro. Assim Deus me ajude e estes santos Evangelhos que toco com a minha mão”.

Relativamente à ordem dos cardeais portugueses, D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa, é o 38.º desta disposição própria utilizada nas procissões, votação e juramentos relacionados com o período da Sede Vacante.

D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima, ocupa o 59.º lugar nesta lista, definida em função da data de criação cardinalícia e da ordem (episcopal, presbiteral ou diaconal) em que os cardeais são inscritos, seguindo uma tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, quando os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade (suburbicárias) ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.

D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, será o 97.º eleitor a prestar juramento, à entrada na Capela Sistina, seguindo a ordem estabelecida.

D. José Tolentino Mendonça, até agora prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, ocupa o 118.º lugar, entre os 133 eleitores.

Por norma, os cardeais que lideram uma diocese pertencem à ordem presbiteral e os que trabalham na Cúria Romana à diaconal.

Foto: Lusa/EPA

Terminado o juramento, todas as pessoas estranhas à eleição saem após a ordem ‘Extra Omnes’ (todos fora), dada pelo mestre das celebrações litúrgicas, D. Diego Ravelli, que permanece na sala junto com o eclesiástico escolhido para a segunda meditação, cardeal Raniero Cantalamessa, saindo ambos no final da reflexão.

Estes momentos de reflexão estão previstos na Constituição Apostólica ‘Universi Dominici Gregis’ (UDG, n. 13) e são outra das novidades da Sé Vacante, introduzidas por João Paulo II: a última meditação diz respeito à escolha “iluminada” do Papa.

Os lugares do Conclave serão fechados por dentro (responsabilidade do cardeal camerlengo, D. Kevin Joseph Farrel) e por fora (responsabilidade do substituto da Secretaria de Estado, o arcebispo Edgar Peña Parra).

O cardeal Parolin preside à eleição – dado que o decano, D. Giovanni Battista Re, que dirigiu a eleição de 2013, e o vice-decano, D. Leonardo Sandri, têm mais de 80 anos de idade – e consulta os eleitores, aos quais “submente imediatamente os assuntos a tratar com urgência ou convida a proceder às operações eleitorais”, segundo as modalidades indicadas no n.º 54 da UDG.

“Se, a juízo da maioria dos eleitores, nada impedir que se proceda às operações da eleição, passar-se-á imediatamente a elas, sempre segundo as modalidades indicadas nesta Constituição”, determina o documento.

A partir desse momento, os eleitores encontram-se a sós, na Capela Sistina, com os seus pares e todos os meios de comunicação com o exterior são proibidos.

No lugar de cada cardeal, devidamente identificado com o seu apelido, estão uma pasta, dentro da qual se procede ao preenchimento do boletim de voto, uma cópia do ritual do Conclave (‘Ordo Rituum Conclavis’) e uma cópia da constituição apostólica ‘Universi Dominici Gregis’.

Os conclaves dos séculos XX e XXI tiveram uma duração sempre inferior a cinco dias e 14 votações.

Esta eleição conta com cardeais de 70 países, dos quais 108 (80%) foram nomeados pelo Papa Francisco, 20 por Bento XVI e 5 por João Paulo II.

O sucessor de Francisco será o 49.º Papa da Igreja Católica nos últimos 500 anos, desde Clemente VII, pontífice entre 1523 e 1534.

O Conclave, palavra com origem no latim ‘cum clavis’ (fechado à chave), pode ser definido como o lugar onde os cardeais se reúnem em clausura para eleição do Papa.

OC

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