Carta de D. José Policarpo nos «Diálogos sobre a fé» O Cardeal Patriarca de Lisboa considerou que os conceitos de Paraíso, purgatório e inferno são essenciais para entender “o destino eterno do homem e o sentido da existência depois da morte”. D. José Policarpo respondeu assim a Eduardo Prado Coelho, na troca de cartas para os “Diálogos sobre a fé” publicados pelo DN, em relação ao que este considerava ser «a tralha figurativa da religião». “Parece-me impossível acreditar em Deus, sem acreditar na vida eterna. E aí a peça mais preciosa desse tesouro de família é a esperança do Paraíso, como plenitude de vida, dada por Deus e partilhada com Deus, em Jesus Cristo. O inferno é apenas a afirmação do Paraíso como escolha livre do homem; o purgatório, como a própria palavra indica, anuncia a longa caminhada de purificação exigida pelo Paraíso, purificação essa que envolve a nossa própria morte”, escreve o Cardeal. Um outro tema em destaque na segunda carta de D. José foi o sentido do sacrifício, que o Patriarca explica na perspectiva cristã, como expressão de um “amor generoso e gratuito”. “O sofrimento e a dor existem e acompanham inevitavelmente o homem no seu peregrinar da vida. Se ele é apenas sofrido, torna-se negativo e, porventura, opressor; se ele for oferecido, tornado expressão de amor, ele torna-se fecundo e libertador”, assegura. A possibilidade de alguém não acreditar em todas estas verdades é abordada por D. José Policarpo como parte do “insondável enigma do homem”. Muitos não reconhecem a presença de Deus, ressalta, por causa “da liberdade, da importância da cultura envolvente em que nascemos e crescemos, das pessoas que encontrámos e com quem convivemos”.