Braga lembra «lutador e sonhador». Cerimónia funebre tem lugar esta Segunda-feira, às 16horas, na Catedral bracarense O Cónego Eduardo Melo Peixoto, uma figura marcante da Arquidiocese de Braga, faleceu este Sábado, 19 de Abril, aos 80 anos de idade, em Fátima. “É sempre difícil em poucas palavras sintetizar a vida de alguém que foi grande durante toda a sua vida”, explica D. Jorge Ortiga à Agência ECCLESIA. Há 40 anos que D. Jorge Ortiga conhecia o Cónego Melo. “Sempre o vi como um homem apaixonado pelas causas a que se dedicava, que se sacrificava ao ponto de deixar as exigências humanas mais naturais para poder corresponder aos apelos que lhe eram dirigidos”. A atenção aos mais carenciados é também lembrada. “Tinha um coração sensível e de igual modo se entregava a todos”, recorda o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. O Cónego Melo encontrava-se a participar num encontro de cursilhos da Cristandade, em Fátima. “Os responsáveis trabalharam até à meia noite de ontem e hoje de manhã, estavam à espera do Cónego Melo. Como não apareceu, foram ao seu quarto. Ainda chamaram o INEM, mas o óbito foi confirmado”, explica D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga. O corpo do Cónego Melo foi transportado para o Instituto de Medicina Legal de Tomar. “Como é Sábado há ainda algumas dificuldades legais”, explica o Arcebispo de Braga que não sabe ainda confirmar quando o corpo do Cónego Melo será transportado para a Sé de Braga, local onde será velado. Eduardo de Melo Peixoto nasceu a 30 de Outubro de 1927 em São Lázaro, Braga, e foi ordenado sacerdote em 1951, tendo depois assumido o papel de vigário-geral da arquidiocese durante vários anos, tendo renunciado ao cargo em 2002. Foi feito Comendador por Mário Soares, tendo servido sob quatro Bispos e seis Papas. Esteve ligado a vários sectores da vida bracarense, nomeadamente, ao futebol e a imprensa. O seu corpo estará em câmara ardente na Sé de Braga domingo e segunda-feira. A missa de corpo presente, presidida pelo Arcebispo Primaz de Braga, D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga, será na segunda-feira às 16horas, finda a qual irá a sepultar em jazigo de família no cemitério de Monte de Arcos (Braga). Legado de vida A vida do Cónego Melo representa um “legado dirigido a crentes e não crentes”, escreveu D. Jorge Ortiga, num comunicado à diocese de Braga. O Cónego Melo manteve uma vida de entrega que realizou “a todas as causas humanas e às solicitações de todos”. O Arcebispo de Braga reconhece o homem que “em tudo procurou viver o seu sacerdócio, gastando-se pelas causas em que acreditava para além dos aplausos ou das censuras”. D. Jorge Ortiga lembra que a diocese perdeu um “lutador”. O Cónego Melo soube estar em muitas causas, “de um modo característico, como sacerdote e membro da Igreja”, mostrando o caminho “da coragem cristã que quer estar em todas as causas humanas”. “Estar em todas as causas é sinónimo dum querer estar com todos os seres humanos. Sem esquecer a necessidade e a importância de uma amizade com alguns mais próximos, o Cónego Melo soube ser próximo de quem a ele recorria numa solicitude e preocupação por resolver os problemas”, sublinha o também Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. “A Arquidiocese e a Cidade de Braga perderam um lutador e um sonhador”, frisa D. Jorge Ortiga, lembrando que a sua obra “realizada com dedicação e amor às causas em que acreditou, vai permanecer”. Morreu a trabalhar D. Eurico Dias Nogueira, Arcebispo Emérito de Braga prefere sublinhar os 80 anos de vida “gastos no serviço de Deus e do seu Povo – constituído em Igreja –, nas mais diversas actividades e coordenadas, mas sempre norteado pelo sacerdócio abraçado na pujança da juventude”. O Cónego Eduardo Melo Peixoto “morreu como sempre vivera: a trabalhar”. D. Eurico Nogueira afirma a “lealdade sem reservas e colaboração incansável”, sobretudo quando esteve à frente de duas Instituições fundamentais da diocese de Braga: o Cabido da Catedral, “como impulsionador do culto nesta e órgão assessor do Prelado, e a Vigararia Geral, instrumento executivo deste, sendo o seu titular uma espécie de Primeiro-ministro”. “Do já saudoso Cónego Melo Peixoto, ficará sempre em mim um inabalável sentimento de admiração, amizade e gratidão”, finaliza.