Encontro ibérico sublinha que a Igreja «deve falar a linguagem que todos compreendem», e utilizar «todos os meios de comunicação disponíveis»

Funchal, Madeira, 05 nov 2025 (Ecclesia) – Os bispos das comissões episcopais de comunicação social de Portugal e de Espanha estiveram reunidos num encontro ibérico, onde refletiram sobre a linguagem na comunicação eclesial, e afirmam que “informar é o único caminho para combater a desinformação”.
“Informar é o único caminho para combater a desinformação. A comunicação não é uma estratégia: é uma forma de presença. Não é um adorno: é parte essencial da missão. Comunicar é tornar visível o Amor de Deus no mundo, é usar a palavra para dar a conhecer a Palavra”, afirma os bispos ibéricos, no comunicado final do encontro, enviado à Agência ECCLESIA.
Os bispos das Comissões de Comunicação Social das Conferências Episcopais de Portugal e de Espanha realizaram o seu encontro anual, nos últimos dois dias, de 3 a 5 de novembro, e refletiram sobre o tema da linguagem na comunicação eclesial, na Diocese do Funchal, na Madeira.
Para estes responsáveis do setor das Comunicações Sociais na Igreja Católica na península ibérica o papel dos meios de comunicação “é o de escrutinar as instituições”, onde se inclui a Igreja Católica, uma tarefa que se realiza “através da informação sobre a verdade e do debate com os seus protagonistas”, por isso, procurar o encontro com os meios de comunicação “é um serviço da Igreja à verdade”.
“A comunicação hoje exige profissionalismo: formação, estratégia, sensibilidade jornalística e conhecimento do ambiente digital, sem esquecer o desafio que representa a Inteligência Artificial.”
O comunicado final do encontro ibérico assinala também que a linguagem da Igreja “deve ser clara para a opinião pública”, próxima da vida quotidiana das pessoas e “oferecer respostas às perguntas do homem e da mulher de hoje”, e acrescentam que “sem abandonar o rigor e a verdade”, é por vezes necessário modelar a precisão em favor da difusão da mensagem eclesial.
“A linguagem muda constantemente: as palavras transformam-se, os códigos renovam-se, os formatos multiplicam-se. A Igreja deve falar a linguagem que todos compreendem, utilizando todos os meios de comunicação disponíveis, os mais conhecidos e também aqueles que, nos últimos anos, se incorporaram na atividade comunicativa”, desenvolvem, salientando que nenhum meio deve ser descartado pela Igreja Católica.
Os bispos das Comissões Episcopais de Comunicação Social da Igreja Católica em Portugal e na Espanha explicam que “não basta comunicar”, mas é necessário encarnar a mensagem na própria vida, e “estabelecer relações pessoais de colaboração e serviço com todos” os que desejam construir o bem comum.
“A comunicação eclesial não pode ser apenas institucional, mas também relacional. O Papa Leão XIV pede-o ao propor uma Jornada Mundial das Comunicações Sociais com o tema ‘Preservar vozes e rostos humanos’”.

‘A linguagem na comunicação eclesial’ foi o tema deste encontro ibérico 2025, os bispos de Portugal e de Espanha contaram com a presença e a experiência de Gil Rosa, subdiretor da RTP Madeira, e de Cristina Sánchez Aguilar, diretora do semanário espanhol Alfa y Omega, nesta reflexão.
“A reflexão destes dias leva-nos também a reconhecer e agradecer os passos dados para cuidar a linguagem da Igreja: hoje há maior presença da Igreja nos meios generalistas, mais esforço na formação para a comunicação, mais vozes femininas e mais leigos comprometidos nesta missão”, acrescentam no comunicado final, referem que os passos dados “são motivo de esperança”.
Participaram neste encontro os bispos da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais de Portugal – D. Nuno Brás, D. Fernando Paiva, D. Pio Alves, D. Delfim Gomes e D. Joaquim Dionísio -, e os bispos da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais de Espanha – D. José Manuel Lorca, D. Salvador Giménez Valls, D. Sebastián Taltavull e D. Cristóbal Déniz -, e os secretários das duas comissões episcopais, Paulo Rocha e padre José Gabriel Vera, respetivamente.
CB/OC
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